O PCP disse, este sábado, que o presidente da República deve demitir o Governo e convocar eleições antecipadas, lamentando também que Cavaco Silva não tenha abordado a realidade do país no seu discurso no 5 de Outubro.
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"O presidente da República está completamente comprometido com este Governo. Completamente comprometido, se o quisesse demitir não teria arranjado aquela encenação de uma semana para as conversações de salvação nacional", disse Armindo Miranda, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
O comunista falava aos jornalistas à saída da Câmara Municipal de Lisboa, no final da sessão comemorativa do 5 de Outubro.
Questionado sobre a polémica recente em torno do ministro dos Negócios Estrangeiros, no que diz respeito ao pedido de desculpas diplomáticas a Angola, Armindo Miranda insistiu na necessidade de demissão do Governo no seu todo e não apenas de Rui Machete.
"Não é com a demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros que se ataca a pobreza, a fome e o desemprego em Portugal. É com um novo Governo, patriótico, de esquerda", sustentou.
O presidente da República, Cavaco Silva, defendeu que é imperioso manter a coesão da República e a confiança dos portugueses nas instituições, advertindo que ninguém está acima da lei e ninguém possui o monopólio da ética.
O chefe de Estado exortou também à revitalização da mensagem do 25 de Abril de 1974, defendendo um "dever de memória" face às anteriores gerações e manifestou-se contra o facilitismo na avaliação de alunos e docentes.
"A exigência e o rigor no ensino são, na sua essência, valores profundamente republicanos. O facilitismo na avaliação de alunos e docentes favorece o privilégio e acaba, de facto, por promover a desigualdade", advertiu Aníbal Cavaco Silva.
O presidente da República, que discursava no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, na sessão comemorativa do 5 de Outubro, defendeu que é "num contexto de exigência que se distingue o mérito e o talento".