O líder do PS/Aveiro, Pedro Nuno Santos, demitiu-se, esta terça-feira, da vice-presidência do Grupo Parlamentar socialista, cargo em que tinha a coordenação da área financeira, disse fonte oficial desta bancada.
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Segundo fonte da direção da bancada citada pela Lusa, Pedro Nuno Santos "invocou razões de caráter pessoal" para a decisão de se afastar da direção da bancada, mas deputados próximos do ex-líder da JS referiram que a demissão se deve "a divergências políticas".
Pedro Nuno Santos esteve em divergência com a direção do PS e com a liderança parlamentar de Carlos Zorrinho logo em relação à estratégia para o Orçamento do Estado para 2012, em que os socialistas optaram pela abstenção.
O líder do PS/Aveiro assumiu-se como um crítico do compromisso celebrado por Portugal junto da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).
Nesse sentido, ainda de acordo com a mesma fonte, Pedro Nuno Santos está em frontal oposição com a intenção já sugerida por membros da direção de António José Seguro no sentido de o PS poder em breve votar a favor do Tratado Orçamental da União Europeia, que impõe regras de disciplina financeira a Portugal e aos restantes Estados-membros em termos de dívida e défice.
Pedro Nuno Santos também esteve em desacordo com a abstenção na generalidade do PS perante a proposta do Governo de revisão do Código de Trabalho.
De acordo com um elemento próximo do ex-líder dos jovens socialistas, Pedro Nuno Santos, por desempenhar funções de vice-presidente da bancada, com responsabilidades diretas na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, sentia-se condicionado nas posições que assumiu publicamente.
No final do ano passado, num jantar com militantes de Castelo de Paiva, Pedro Nuno Santos causou polémica ao sugerir a possibilidade de Portugal se "marimbar" para o pagamento da dívida externa.
Nessa altura, vários dirigentes socialistas conotados com a direção dos socialistas consideraram que Pedro Nuno Santos deixara de reunir condições para permanecer no lugar de dirigente do Grupo Parlamentar, mas o líder do PS/Aveiro optou por se manter no cargo.
No último congresso do PS, Pedro Nuno Santos, conotado com a ala esquerda deste partido, apoiou a candidatura de António José Seguro à liderança, mas quatro meses depois da eleição de Seguro já se manifestava em privado em divergência em relação às posições da direção em alguns dos principais dossiers nas áreas económica e financeira.