Portas faz discurso pelo "acordo social" e contra "agitação" de rua e "greves sistemáticas"
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, encerrou esta sexta-feira o debate do Programa do Governo com um discurso a favor do "acordo social" e contra a "agitação" de rua e eventuais "greves sistemáticas".
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Numa alusão aos protestos que têm acontecido na Grécia, com episódios de violência, Paulo Portas declarou: "Quando os portugueses vêem as imagens de desesperança e de instabilidade que nos chegam às vezes outros países da Zona Euro certamente que há um bom senso geral que não recomenda imitações".
O ministro de Estado defendeu que a todos os responsáveis políticos cabe "o cuidado de não piorar os dias do presente, que já são suficientemente difíceis", e que o "cumprimento das obrigações internacionais do Estado português" também "convoca a todos -- sem perda, obviamente, das identidades doutrinárias ou sectoriais".
Da parte do Governo haverá uma "cultura do acordo social e da negociação com os parceiros sociais", prometeu.
"Do que Portugal precisa neste momento não é de agitação social na eterna esperança de substituir a legitimidade política pela vanguarda da rua, é de uma cultura de compromisso político e de acordo social", considerou Paulo Portas.
Segundo o ministro, contudo, "haverá sempre quem pense -- um pensamento que a história já se encarregou de fazer caducar -- que não é nos parlamentos que se faz a luta", mas "convém ter em consideração" que nas legislativas de 5 de Junho "prevaleceu o voto naqueles partidos que assumiram o compromisso de cumprir o memorando de ajuda externa" -- PS, PSD e CDS-PP.
Os portugueses "premiarão quem estiver disponível para uma cultura de compromisso político e de acordo social" e "não terão demasiada indulgência para com aqueles que queiram ignorar o voto popular e cansar o país com o recurso a greves sistemáticas sem procura prévia de um ponto de acordo que tenha em conta as circunstâncias de Portugal", sustentou.
Neste discurso que fez em nome do Governo, o presidente do CDS-PP defendeu a contribuição extraordinária em sede de IRS anunciada na quinta-feira pelo primeiro-ministro argumentando que "Portugal não pode falhar os 5,9 por cento de défice orçamental no final do ano" e que "é preferível prevenir para não ter de mais tarde remediar".
A propósito desta medida, Paulo Portas referiu que "não se sacrificam os pensionistas mais pobres" e saudou a reação da socialista Maria de Belém Roseira: "Apreciámos a posição da senhora líder parlamentar do PS, que nos pareceu remeter para mais tarde e maior concretização uma posição definitiva sobre esta matéria".