O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, lamentou, esta sexta-feira, que muita gente ande "por aí" a dizer que "é Syriza", classificando-se como "um português" e sublinhando que não há comparação possível entre a situação de Portugal e a da Grécia.
Corpo do artigo
"Sobre o Syriza - ou Syrizo, já que não há nenhuma mulher no Governo - vejo por aí muita gente que diz 'eu sou Syriza'. Com toda a franqueza, eu digo que eu sou é português", disse Paulo Portas, referindo-se ao partido de esquerda que ganhou as eleições gregas, durante a sua intervenção num almoço organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, que decorreu em Lisboa.
O governante considera um erro aproximar a situação de Portugal da da Grécia, já que "elas são desde o início, e agora ainda mais, completamente diferentes".
Paulo Portas explicou porquê: "A Grécia vai no segundo resgate, provavelmente a caminho do terceiro, Portugal teve um único resgate. A Grécia já pediu 300 mil milhões de euros, Portugal 78 mil milhões de euros".
Como exemplo acrescentou ainda que a Grécia tem os juros da dívida a dez anos nos 12,5%, enquanto em Portugal estão nos 2,5%.
Reiterando várias vezes que "não há comparação possível", Paulo Portas rematou que "o interesse nacional não é de direita nem de esquerda, é de Portugal, e prevalece sobre solidariedades partidárias".
"Os portugueses trabalharam muito e sofreram muito para conseguir o que conseguiram, para ter hoje os juros a 2,5% e não a 12,5%. Não vale a pena fazer amálgamas que não são certas, nem confusões", afirmou.
Paulo Portas sustentou ainda que todos desejam que a relação entre os países do euro seja positiva, mas sublinhou que "contra solidariedades partidárias apressadas, Portugal é Portugal".
"Como portugueses e europeus que somos, temos de continuar a trajetória que já fizemos e que custou muito, e temos de continuar a crescer", afirmou.
Além disso, lembrou que as normas de flexibilidade apontadas pela comissão Junker vão aplicar-se a países que não têm défice excessivo, dizendo a este propósito que Portugal em 2015 "tem de se livrar" disso, ou seja, ter um défice abaixo dos 3%.
Por outro lado, considerou "positivas as medidas que o governador do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que visam contrariar a deflação e reforçar o crescimento", recordando mais uma vez que também estas "são para países que cumprem ou mostrem vontade de cumprir" e que por isso "é que Draghi criou distâncias face à Grécia e a Chipre".