Portugal vai reduzir para seis meses, metade do inicialmente previsto, a participação na missão da ONU no Líbano, e apostar na "diplomacia económica" para tentar dinamizar a indústria nacional de Defesa, anunciou, esta quarta-feira, o ministro Aguiar-Branco.
Corpo do artigo
Durante uma audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco confirmou que o orçamento destinado às forças nacionais destacadas em missões internacionais terá um corte de 30% em 2012, passando dos actuais 75 milhões de euros para cerca de 52 milhões.
Uma fatia "da ordem dos 19 milhões de euros" destina-se à participação portuguesa no Afeganistão, no âmbito da NATO, e que Portugal decidiu manter integralmente até 2014, disse Aguiar-Branco, por ter sido considerada estratégica e prioritária.
"É uma missão de combate ao terrorismo que ameaça também Portugal. É um combate que nos obriga a ser solidários", afirmou.
Porém, e dada a restrição orçamental, Portugal decidiu também abandonar algumas missões e "redimensionar outras". No entanto, sublinhou, "vai manter, e não foi um exercício fácil no âmbito desta redução, a participação nos três cenários de intervenção": NATO, ONU e UE.
Assim, Portugal vai abandonar a missão das Nações Unidas de combate à pirataria no Índico, mas continuar a participar na operação da União Europeia na mesma região. Esta opção já tinha sido anteriormente anunciada pelo ministro, mas hoje Aguiar-Branco esclareceu que no entanto a presença portuguesa nesta última missão europeia será reduzida de quatro para dois meses.
O mesmo vai acontecer com a participação portuguesa na missão da ONU no Líbano, que se limitará a seis meses, metade do que estava previsto.
A manutenção de militares portugueses no Líbano levou os deputados socialistas a perguntar o que tinha mudado, já que quando estavam na oposição CDS e PSD tinham manifestado reservas em relação a esta missão.
Aguiar-Branco respondeu que o Governo acabou por considerar que esta missão tem importância estratégica e simbólica porque prevê a integração de 12 militares timorenses e por causa da presença portuguesa naquela região.
Na mesma audição, o ministro da Defesa Nacional revelou que se manterá a Cooperação Técnico-Militar com os países de expressão portuguesa e que o Governo "tentará reforçar" a componente de diplomacia económica "associada a esta cooperação".
O objectivo, explicou, é "potenciar a entrada nesses países de indústrias de Defesa portuguesas", aumentando a "rentabilização" deste sector nacional e das suas próprias capacidades.