<p>Os procuradores do Freeport e a sua superiora hierárquica, Cândida Almeida, desmentiram ontem, quarta-feira, a informação segundo a qual, numa reunião com investigadores ingleses, em 2009, os primeiros haviam manifestado falta de confiança na magistrada.</p>
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"Repudiamos, desde já, todas as notícias (…) que são conta de uma pretensa divisão entre os magistrados responsáveis pela investigação e sua superiora hierárquica", lê-se na nota enviada (apenas) à Agência Lusa, pelos titulares do Freeport, Paes de Faria e Vítor Magalhães, e pela directora do Departamento central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida. Os magistrados sustentaram que "trabalham e sempre trabalharam em equipa (…), com lealdade e unidade de intervenção".
Domingo passado, o “Diário de Notícias” revelou um alegado documento do organismo inglês “Serious Fraud Office” (SFO), que também investigou (e arquivou) o caso Freeport, em que se lê o contrário do que é agora afirmado pelos procuradores.
Naquele documento, os ingleses do SFO relatam a reunião que tiveram, em Fevereiro de 2009, na sede do Eurojust, em Haia, com os magistrados do DCIAP. E, referindo-se a Paes de Faria e Vítor Magalhães, afirmaram: “Em confidência disseram-nos que não tinham confiança na hierarquia, representada na reunião pela sra. Cândida Almeida”.
Questionado sobre o assunto, Vítor Magalhães respondeu, ainda no domingo: “Sempre defendi, e continuo a afirmá-lo, que quem deveria ter participado na reunião de Haia eram Maria Alice Fernandes e Carla Gomes [da PJ de Setúbal] e não a directora Cândida Almeida. Ninguém conhecia melhor o caso do que a equipa de investigação de Setúbal”.
Mas a reunião na Holanda suscitou outra nota, aos ingleses, sobre a directora do DCIAP: “Ficou claro para nós que a Sra. Almeida era contra a ideia de que o primeiro-ministro português [José Sócrates] pudesse ter recebido qualquer suborno”.
A notícia da Lusa sobre o comunicado dos magistrados do DCIAP, que não faz alusão ao documento do SFO, refere que eles se queixam de estar a ser alvo de “uma campanha de destruição da honorabilidade, do carácter e do profissionalismo” de si próprios.