Programa do Governo é "muito pior" do que acordo com a 'troika' nas políticas de emprego
O líder da UGT, João Proença, diz que em matéria de políticas de emprego, "o que está no programa do Governo é muito pior" do que o acordado com a 'troika' da ajuda externa, considerando "fundamental o papel do PS no diálogo político".
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"Há grandes preocupações com o que está no memorando da 'troika' e sobretudo o que está no programa do Governo que nesta matéria é muito, muito pior do que o memorando da 'troika'", destacou o sindicalista durante um debate sobre Emprego inserido no XVIII Congresso Nacional do PS, que decorre a partir de hoje em Braga.
Para João Proença, "para além de o memorando da 'troika', muitas vezes, não definir bem as medidas, e portanto depender muito da vontade do Governo na maneira como as constrói, muito pior é aquilo que é o próprio programa de Governo".
"O caminho privilegiado era aquele que era apontado no acordo tripartido para a competitividade e emprego e na última revisão do código de trabalho, que é a negociação colectiva", salientou.
Defendeu por isso que "é fundamental o papel do PS no diálogo político", já que "se não houver um diálogo estreito entre o Governo e o maior partido da oposição, isso será um factor claro de conflitualidade política e social".
Ainda quanto ao combate do desemprego em Portugal, frisou a necessidade de "haver crescimento económico" e "competitividade", condenando os "25 por cento de economia clandestina, que não paga impostos e que prejudica as que pagam impostos".
"O sector do calçado é um sector que apostou na inovação, mas quando dentro do sector há empresas podres, que têm uma competição desleal, se não pagarem IVA podem vender 23 por cento mais barato. Mas isto destrói claramente a capacidade competitiva das outras", lamentou.
Considerou ainda que "é fundamental dar prioridade ao sector produtivo, apostar no diálogo mas no sentido da regulação económica e social e nunca no ultraliberalismo de uma livre concorrência que não é sustentável" já que "os mercados têm de ser regulados".
Nesse sentido criticou o "disparate total" que é a "liberalização total dos mercados da electricidade e do gás".
"Se não se tomarem medidas nenhumas os preços vão aumentar, não vão diminuir. Não vai haver concorrência", rematou.
