PS acusa Governo, FMI e troika de terem estratégia montada para reduzir salários
Eurico Brilhante Dias, secretário nacional do PS para a Economia e Inovação, acusou, esta quinta-feira, na Universidade de Verão do partido, que decorre em Évora, o Governo de ter, com o FMI e a troika, uma "estratégia deliberada, consertada", de reduzir o desemprego à custa da redução dos salários e dos rendimentos dos portugueses. <div> </div>
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Para o responsável do PS, esta é mais uma tentativa de "insistir numa política errada", por isso, sustenta que o FMI e a troika têm tido no Governo "um aplicador muito eficaz das suas medidas". Razão pela qual se diz que o "Governo é mais troikista do que a troika".
Eurico Dias afirma que, perante "as políticas falhadas", o que o FMI pretende fazer é prosseguir com a mesma política, quando os resultados têm sido manifestamente negativos.
"Os portugueses têm sentido na pele cortes nos seus rendimentos e não vislumbram o momento em que o país sairá da crise. Insistir numa política errada será, mais uma vez, penalizador para os portugueses e para aquilo que tem sido a execução orçamental e das contas públicas", defende.
O secretário nacional do PS para a Economia e Inovação sustenta as informações com números, ao sublinhar que as contas públicas têm perdido uma parte significativa das receitas fiscais que tinham no passado recente, estimando que o país perdeu 7,5 mil milhões de euros de receitas de impostos.
"Vamos continuar a empobrecer os portugueses, a reduzir receitas fiscais, para depois nos pedirem para cortar mais despesa social, na saúde e na educação?. Este caminho é errado. O PS está contra. Já afirmou que seria contra. Nós não vamos subscrever reduções de salários de pessoas que já vivem no limiar da pobreza", diz.
Foi também por isso que não houve acordo de salvação nacional, porque "a salvação nacional para o PSD e CDS é cortar rendimentos e direitos laborais".
"O FMI, tal como o Governo tem a perspetiva de que o desemprego é elevado porque não há suficiente flexibilidade na legislação laboral. Esta polémica em torno das informações que foram prestadas ao FMI apenas serviu como capa para aquilo que é a estratégia. Ainda assim, o FMI considera que os salários não terão reduzido o suficiente. É um equívoco. Não é empobrecendo os portugueses que vamos sair da crise", remata o secretário nacional do PS.
Sobre o prazo para os ministérios apresentarem as propostas de Orçamento, que terminou à meia-noite, e que só 137 das 433 não foram entregues, de acordo com a informação da Direção-Geral do Orçamento, Eurico Dias defende que é a confirmação de que "o principal foco de instabilidade é o Governo". O Governo tem vindo a justificar esses atrasos sucessivos com a reafetação de instituições públicas, mas Eurico Dias lembra que a remodelação tem mais de um mês.