O PS acusou, esta segunda-feira, o primeiro-ministro de ter "insultado os trabalhadores e os reformados" ou por desconhecer o sistema contributivo ou por estar a esconder medidas futuras para cortar na Segurança Social pública.
Corpo do artigo
A posição dos socialistas foi transmitida em conferência de imprensa pelo dirigente Miguel Laranjeiro, após uma reunião do Secretariado Nacional do PS.
No domingo, em Penela, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu a necessidade de os reformados com pensões mais elevadas darem ao Estado um "contributo maior", o que na sua opinião não viola a Constituição da República.
"Queixam-se de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande", disse Passos Coelho, considerando, depois, que esses reformados e pensionistas "descontaram para ter reformas, mas não para terem aquelas reformas".
Na reação a esta posição, Miguel Laranjeiro disse estar perante "mais uma trapalhada deste Governo, insultando os portugueses, sejam reformados ou trabalhadores, e revelando um desconhecimento gritante da situação".
"O primeiro-ministro falou aliás com uma ligeireza imprópria de um primeiro-ministro. Aquilo que disse foi uma afronta aos portugueses, sobretudo aos reformados e atuais trabalhadores", disse.
De acordo com o dirigente socialista, o sistema contributivo português é baseado nos descontos dos trabalhadores ao longo da sua carreira, cabendo ao Estado arrecadar um terço dos salários dos portugueses.
"Estas declarações do primeiro-ministro vão ao arrepio dessa necessidade de relação de confiança. Será que o primeiro-ministro quer retirar direitos aos trabalhadores que descontaram uma vida inteira e que descontaram aquilo que lhes pediram e que confiaram ao Estado Português?", questionou Miguel Laranjeiro.
Miguel Laranjeiro afirmou depois que importa apurar se é no âmbito da Segurança Social pública que o primeiro-ministro quer cortar os quatro mil milhões de euros a que se comprometeu com a 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
"Será que o primeiro-ministro se prepara para agravar o saque fiscal, sem debater e sem ouvir os parceiros sociais? O primeiro-ministro já falou em copagamento no ensino público", referiu o dirigente socialista.
Miguel Laranjeiro exigiu neste contexto que o primeiro-ministro "fale verdade aos portugueses".
"A declaração que fez revela que o primeiro-ministro ou não sabe do que fala ou tem algo escondido e que não quer dizer aos portugueses", declarou, antes de questionar o Governo se está ou não em marcha uma privatização da segurança social pública.
"Este primeiro-ministro está a pretender colocar portugueses contra portugueses e está a romper um contrato social que deve sempre existir entre o Estado e os cidadãos", acrescentou Miguel Laranjeiro.