PS diz que Cavaco Silva fez um "ajuste de contas extemporâneo" numa altura de dificuldades do país
O presidente da bancada parlamentar do PS criticou hoje as palavras de Cavaco Silva no prefácio do seu novo livro, acusando-o de fazer "um ajuste de contas" com o anterior Governo numa altura de dificuldades no país.
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"De um Presidente da República espera-se sempre uma postura institucional. Não foi o que aconteceu e o que reflete este prefácio", afirmou à Lusa Carlos Zorrinho.
"O Partido Socialista lamenta que, em pleno exercício do seu mandato, o senhor Presidente da República tenha decidido fazer um ajuste de contas com o anterior primeiro-ministro", sublinhou.
Segundo adiantou, o PS considera o "ajuste de contas extemporâneo", sobretudo por acontecer "num momento em que o país atravessa tantas dificuldades, num momento em que o papel institucional do Presidente é tão importante" e porque "não tem direito de contraditório".
No prefácio do livro "Roteiros VI", que reúne as suas principais intervenções públicas e que está à venda a partir de hoje, Cavaco Silva tece várias considerações sobre a postura do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, criticando não ter sido "previamente informado sobre o conteúdo ou sequer da existência do 'PEC IV'" tendo por isso ficado "impedido de exercer a sua magistratura de influência com vista a evitar o deflagrar de uma crise política".
Questionado no Parlamento sobre estas afirmações, Carlos Zorrinho respondeu: "É uma questão que a história vai julgar, a informação que nós temos é que não foi assim".
"Mas é exatamente por esse motivo, porque estas questões são muito importantes, porque exigem contraditório, exigem ponderação, que consideramos que não devem ser abordadas desta forma pelo Presidente da República. Podem ser abordadas, quando assim o entender, pelo cidadão Cavaco Silva mas nessa altura naturalmente não investido destes poderes que neste momento é muito importante que saiba usar com a mais alta independência e magistratura", acrescentou, referindo que de um chefe de Estado "espera-se sempre uma postura institucional".
O Partido Socialista, acrescentou, "estranha e lamenta que o senhor Presidente da República tenha escolhido exatamente o dia do seu primeiro ano de mandato para fazer um ajuste de contas extemporâneo e sem direito ao contraditório" e "ao arrepio das preocupações dos portugueses" que preferem, como prefere o PS, ver Cavaco Silva "dar os seus contributos para a solução de problemas tão importantes como o crescimento, o emprego e as dificuldades que os portugueses vão atravessando todos os dias".