O porta-voz do PS, João Ribeiro, afirmou que a mensagem de ano novo do presidente da República vem confirmar que Portugal tem um primeiro-ministro "profundamente isolado" politicamente e socialmente.
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"A mensagem de ano novo do senhor presidente da República vem confirmar algo cada vez mais evidente aos olhos de todos os portugueses. Portugal tem um primeiro-ministro profundamente isolado. Isolado politicamente e isolado socialmente", proferiu João Ribeiro do secretariado nacional do PS, em declarações aos jornalistas na sede do PS em Lisboa.
O porta-voz adiantou também que o discurso de Cavaco Silva revela que o país tem "um primeiro-ministro que se afastou do consenso social e político e que radicalizou o seu discurso".
De acordo com João Ribeiro "ficou também claro que o Governo não ouve ninguém. Não ouve parceiros sociais, não ouve o PS, não ouve a Igreja, não ouve a academia e não ouve o presidente da República", acrescentou.
Na habitual mensagem de ano novo, Aníbal Cavaco Silva defendeu que é preciso "urgentemente pôr cobro" à "espiral recessiva" que Portugal vive e "concentrar esforços" no crescimento económico, senão "de pouco valerá o sacrifício" dos portugueses.
O porta-voz do principal partido da oposição frisou que as questões abordadas pelo chefe de Estado português na sua mensagem, tais como, o crescimento económico, a sensibilidade social ou "a humildade na busca do consenso social e político", são posições que os socialistas vêm defendendo há mais de um ano.
"Registamos com agrado terem feito parte da mensagem do presidente da República", sublinhou.
Sobre o anúncio de Cavaco Silva de que vai requerer a fiscalização sucessiva do Orçamento para 2013 pelo Tribunal Constitucional (TC), João Ribeiro salientou que o PS "sempre defendeu que era fundamental que o país tivesse um orçamento sem qualquer dúvida de constitucionalidade" e que a decisão do Presidente "vem dar corpo às dúvidas de inconstitucionalidade do Orçamento".
Em relação à vontade manifestada por deputados socialistas para avançar com um pedido de fiscalização sucessiva do documento, o porta-voz do PS indicou que o partido e os deputados irão agora aguardar até conhecer as dúvidas concretas de Cavaco Silva.
"O pedido é feito com base em dúvidas sobre normas específicas, nós não conhecemos sobre que normas o presidente da República tem dúvidas e temos de aguardar para fazer essa avaliação", acrescentou.
Ainda na mensagem de ano novo, Cavaco Silva advertiu que Portugal "não está em condições de juntar uma grave crise política à crise em que está mergulhado".
Questionado sobre se o PS se sentia visado por estas declarações de Cavaco Silva, João Ribeiro defendeu que talvez essa parte da declaração fosse "um aviso muito sério" à coligação PSD/CDS-PP.
"Se em algum momento se falou em crise política em Portugal, foi precisamente quando a coligação demonstrou fragilidades, incapacidades e, de alguma forma, pôs em causa essa estabilidade política. Há uma maioria absoluta no parlamento e, como é evidente, qualquer crise política resultará em primeira linha de incapacidades e insuficiências da coligação", concluiu o porta-voz do PS.