O deputado e vice-presidente da bancada socialista José Junqueiro afirmou esta quarta-feira que o PS "não será aval" das políticas do Governo, afirmando que os apelos para o diálogo chegaram tarde e depois de o mal estar feito.
Corpo do artigo
"Chegaram tarde, o mal está feito e agora o que o PSD tem de perceber e o que o Governo tem de perceber é que o PS tem esta posição, não cauciona ninguém e também muito menos caucionará um Governo neoliberal que tem conduzido o país àquilo que nós sabemos, ao desastre social", declarou José Junqueiro.
O deputado do PS defendeu que o Governo "não tem palavra, não tem rumo" e "sobretudo faz política por carta", afirmando que o Governo "escreveu uma carta ao PS quando o mal está feito".
"Escreveu uma carta ao PS não se percebe para quê, porque o Governo sabe que o PS não mudou de opinião e o Partido Socialista sabe que precisamos de outras políticas", sublinhou.
O deputado socialista acrescentou que o Governo "sabe que o PS censurou" o executivo PSD/CDS-PP e que sabe também "que o PS não será aval destas políticas deste Governo".
José Junqueiro falava no plenário da Assembleia da República, num pedido de esclarecimento ao deputado do BE Pedro Filipe Soares.
O líder parlamentar do BE tinha afirmado, numa declaração política, que o Governo procura agora "uma ajuda" junto do PS e que se o PS aceitar será também "culpado" pela situação do país.
O secretário-geral do PS, António José Seguro, esteve hoje reunido com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, o ministro da Solidariedade Social, Pedro Mota Soares, e com o novo ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro.
A reunião ocorreu na sequência de um convite feito pelo primeiro-ministro e terminou sem declarações à imprensa. Em seguida, o secretário-geral socialista reuniu-se com representantes da "troika", tendo o PS convocado uma conferência de imprensa para as 17:00.
O vice-presidente da bancada do PS criticou os que, no PSD, "vêm papaguear que o PSD sempre convidou a oposição para o diálogo".
"Porque se há coisa que o PSD nunca fez foi dialogar com quem quer que fosse. E mesmo com os parceiros sociais, este Governo nunca foi capaz de respeitar aquilo que tinha sido acordado na concertação social", criticou.
Na sua declaração política, o líder da bancada do BE considerou que o Governo está em "desagregação" e procura agora "chorar no ombro do PS" e "pedir ajuda" e defendeu que "quem der uma mãozinha" será culpado pela "destruição do país".
"Quem dá as mãos ao Governo vira as costas às dificuldades que as pessoas estão a sentir. Se a aliança política que o Governo quer é uma mãozinha para acalmar a `troika", essa mãozinha vai ser também culpada pela destruição do país", defendeu.
Pelo PSD, o deputado Hugo Soares considerou que "não é novidade" o apelo da maioria e do Governo para que o PS "se sente à mesa com as bancadas da maioria" e sustentou que "os debates quinzenais são disso exemplo".
"Chamar o PS como partido de responsabilidade, e é esse desafio que voltamos a lançar", disse.