A vice-presidente da bancada socialista Ana Catarina Mendes afirmou, esta sexta-feira, no Parlamento, que o PS, se formar Governo em 2016, reporá integralmente os cortes salariais no setor público, posição que levou o PSD a falar em "regresso do facilitismo".
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Ana Catarina Mendes, que foi diretora de campanha de António Costa nas recentes eleições primárias do PS, falava no segundo e último dia de debate na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2015.
Na sua intervenção, marcada por críticas ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, Ana Catarina Mendes procurou esclarecer qual a posição do PS sobre a reversibilidade dos cortes salariais no setor público após 2015, na sequência do acórdão do Tribunal Constitucional de 14 de agosto passado.
"Se os portugueses confiarem no PS, o Orçamento do Estado para 2016 será respeitador da Constituição da República e não afrontará o Tribunal Constitucional. Por isso, a reposição integral dos salários é mesmo para 2016", declarou a líder da federação de Setúbal do PS. Esta posição tinha sido assumida, quinta-feira, pelo candidato socialista a primeiro-ministro António Costa.
Em relação a Pedro Passos Coelho, a dirigente socialista começou por usar humor, saudando o autor do discurso proferido pelo primeiro-ministro na quinta-feira de manhã, na abertura do debate orçamental, o qual fazia uma alusão a uma reversão total dos cortes aplicados aos trabalhadores do setor público em 2016 e a uma atitude de "respeito pelo Tribunal Constitucional".
"Mas o senhor primeiro-ministro abandonou o papel e depois reiterou o seu desrespeito pelo Tribunal Constitucional. Em vez de confirmar que os salários seriam repostos integralmente em 2016, falou em reposição de 20% do corte", disse.
Ana Catarina Mendes defendeu depois a tese de que o país "precisa de um Governo que aceite governar sem estar em guerra com a Constituição".
"Precisa de um Governo que aceite que é o Tribunal Constitucional quem interpreta o que diz a Constituição", acrescentou.
Na resposta, perante a ideia de que os socialistas pretendem repor na íntegra, a partir de 2016, os cortes salariais no setor público, o dirigente da bancada social-democrata Carlos Abreu Amorim concluiu haver da parte do PS de António Costa "um regresso ao facilitismo".
"Do PS de António Costa, a única coisa que conseguimos perceber é um programa que recua dez anos e que ostenta o nome de José Sócrates", criticou, antes de colocar um conjunto de questões à bancada socialista sobre "o mistério" do que pensa o presidente da Câmara de Lisboa sobre um conjunto de questões que se colocam ao país.
"Este PS carateriza-se por generalidades e imprecisões, e tem de largar o tabu e esclarecer o que quer. Que respostas apresentam para os problemas do país ? Afinal, que alternativas apresenta este novo PS ?", questionou o deputado do PSD, dirigindo-se à bancada socialista.