Jorge Moreira da Silva, coordenador da Comissão Política Nacional do PSD e vice-presidente do partido, reagiu, este sábado à tarde, à ameaça de os socialistas votarem contra o Orçamento, afirmando que "o PS andava à procura de um pretexto" e que não é tempo para um "voto de protesto". E desafiou-o a apresentar uma alternativa aos cortes anunciados.
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Num hotel do Porto, à margem de uma iniciativa da concelhia do PSD, Jorge Moreira da Silva saiu em defesa das medidas anunciadas por Pedro Passos Coelho, insistindo que promoverão o emprego e a competitividade. "Ninguém anuncia este tipo de medidas de ânimo leve", declarou.
Questionado sobre se o PS não terá agora mais argumentos para votar contra o próximo Orçamento de Estado, disse esperar do secretário-geral socialista António José Seguro uma atitude "responsável". E sublinhou que o que foi divulgado é apenas "parcial" relativamente ao Orçamento.
"Acho que o PS andava à procura de um pretexto , não acredito que falte ao seu sentido de responsabilidade. Hoje ouvi declarações que espero que possam ser corrigidas pelo secretário-geral do PS nos próximos dias", afirmou o dirigente.
Jorge Moreira da Silva defende que o PS "não é um partido de protesto" , mas sim "um partido de alternativa, de governo, que deve ser um partido de estadistas". E, "numa altura difícil como esta é sempre fácil colocarmo-nos do lado daqueles que apenas protestam, que não têm propostas alternativas."
Neste âmbito, disse não ter dúvidasde que "o PS estará à altura das suas responsabilidades" porque "é um partido responsável pela situação a que chegamos, pai do endividamento, pai deste memorando", "do tempo e do modo". Por isso, crê que só lhe restam duas posições. "A de dizer, discordando desta medida, qual é a alternativa, onde vão buscar os dois mil milhões de euros e onde vão cortar."
"Vão aumentar o IVA? Querem aumentar o IRS? Querem criar uma sobretaxa, querem cortar no Serviço Nacional de Saúde, atacar a escola pública", perguntou. A outra posição possível é os socialistas "estarem ao lado do Governo" enquanto "autores do memorando".
O momento, concluiu, não é para "votos de protesto". Quanto às dúvidas levantadas por constitucionalistas, como Jorge Miranda e Bacelar Gouveia, o número dois do PSD diz que "é seguramente convicção do Governo que as dificuldades que o Tribunal Constitucional encontrou em termos de equidade se encontram resolvidas".