A história da República não se conta só a partir de Lisboa. Nas principais cidades de cada distrito há uma vida cheia de marcas e memórias da primeira República contada por historiadores e compilada nos 20 volumes dos “Roteiros Republicanos”.
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Em Portalegre há uma Oliveira plantada em 1919 em memória do armistício da Grande Guerra. A placa é tão discreta que se conta que muitos portalegrenses não sabem a razão de ali estar a pequena árvore. Em Portalegre nasceu Eusébio Leão, secretário do directório do Partido Republicano, responsável pela leitura da proclamação da República, no dia 5 de Outubro de 1910, na varanda dos Paços do Concelho, em Lisboa.
Estas curiosidades integram o volume coordenado por António Ventura, portalegrense e catedrático de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que reuniu todos os materiais associados ao republicanismo no distrito, num trabalho que lhe ocupou vários meses, disse ao JN.
Com a colecção “Roteiros Republicanos”, editada pela Quidnovi e divulgada pelo JN e o DN, pretende-se abordar a República a partir da geografia variável dos 18 distritos do continente e das regiões autónomas.
Em cada volume realça-se a presença local dos ideais republicanos nas actividades económicas, nas associações, nas escolas, na Imprensa e na toponímia ou na biografia de republicanos destacados da localidade.
A colecção foi lançada ontem, quinta-feira, na Cordoaria Nacional, onde decorre a exposição Viva a República, pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República.
Em defesa do projecto, a historiadora Raquel Henriques da Silva defendeu que os roteiros desmentem, ou pelo menos mitigam, a ideia feita da historiografia de que a República deu-se em Lisboa e foi comunicada ao resto do país.
O sítio do Centenário da República na internet tem uma nova página dedicada aos roteiros virtuais. Uma forma de fazer percursos de interesse e preparar pontos a visitar nas várias cidades envolvidas no projecto – quem estiver em Lisboa pode facilmente saber onde está o busto de Alfredo Keil, autor de “A Portuguesa”.
Os roteiros acompanham, a partir de hoje, e todas as sextas-feiras, as edições do DN e do JN, por mais 6,99 euros.