<p>Carlos Reis, Biólogo Universidade de Lisboa, considera que todas as arribas do país estão em risco potencial de derrocada.</p>
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Teria sido possível prever a derrocada em Albufeira?
São situações praticamente imprevisíveis. Por vezes, consegue ver-se uma fractura na arriba algo mais larga do que na semana anterior e faz-se uma marcação com fita de tinta. Se ela se mover, a maneira mais eficaz é apear as arribas em risco. Agora, tudo conflituaria com outros interesses, como os do turismo costeiro. Recordo que metade dos planos de ordenamento costeiro ficaram por realizar por falta de dinheiro. E incluíam arribas que deviam ter sido apeadas.
A arriba apresentava risco potencial, não iminente. Qual é a diferença?
Em risco potencial estão todas as arribas do país! O mar vai subindo, tem uma força incalculável. Aliás, muita da areia da praia Maria Luísa e de todas as outras do Algarve é resultado da degradação das arribas...
Até que o risco passa a iminente...
E aí deveria haver um princípio: em todas as arribas onde fossem detectadas diferenças nas fracturas, as praias deveriam ser interditadas. Mas voltava a dar um conflito de interesses do arco da velha!
A medida de segurança que dita que se deve guardar uma distância da arriba de uma vez e meia a sua altura é impraticável na maioria das praias...
É uma medida de bom senso! Deveria haver respaldo destas situações, por exemplo, no processo de atribuição da bandeira azul. Deveria incluir a divulgação dos riscos e a contenção de utilizações aberrantes.
Interditando praias sem espaço?
Ou impondo limitações, nomeadamente quando há marés como a de ontem. Mas quem é que consegue fechar a Maria Luísa?