O secretário-geral do PS considerou, esta terça-feira, inaceitável que um pensionista com uma reforma de 1000 euros fique sem duas prestações e que um trabalhador do privado, com 1500 euros, não dê qualquer contributo para o esforço nacional.
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A crítica de António José Seguro sobre uma alegada falta de equidade fiscal inerente à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012 foi feita na sua intervenção inicial, durante um almoço promovido pelo American Club.
"Não é aceitável que um reformado com 1000 euros de pensão fique sem dois salários num ano e que um trabalhador (por maior respeito que me mereça - e merece-me muito) que ganhe 1500 euros não dê nenhum contributo para o esforço nacional", declarou o líder dos socialistas.
No final, os jornalistas questionaram António José Seguro se o PS considera entre as alternativas às propostas do Governo para o Orçamento a criação de uma sobretaxa para todos os trabalhadores, mas o secretário-geral socialistas recusou-se para já a entrar em detalhe sobre as medidas alternativas que tenciona apresentar ao executivo.
"O que posso dizer neste momento é que há uma diferença na base de partida para a elaboração do Orçamento entre as contas do PS e as do Governo. Essa diferença é na ordem de 900 milhões de euros e, por isso, é normal que as nossas opções políticas sejam diferentes", disse.
Perante a insistência dos jornalistas neste ponto, Segurou alegou não querer "pôr em causa com declarações públicas o objectivo essencial: Trabalhar para que os funcionários públicos, pensionistas e reformados possam reaver um salário e uma pensão no próximo ano".
"Encontro nas previsões do Orçamento para 2012 uma disponibilidade de 900 milhões de euros. Mas não vou ter um debate na praça pública enquanto essa questão não ficar totalmente esclarecida", justificou.
António José Seguro declarou-se ainda disponível para "ter todas as reuniões de trabalho e com os parceiros sociais, ou com quem se entender".
"Tenho uma convicção: É preciso devolver aos funcionários públicos e aos pensionistas um dos subsídios de Natal ou de férias", acrescentou.
Neste ponto, durante a sua intervenção perante o American Club, o secretário-geral do PS afastou qualquer objectivo de obter dividendos políticos com a sua luta contra o corte de dois subsídios aos pensionistas e trabalhadores do sector público.
"Quando proponho que seja devolvido um dos salários aos funcionários públicos, ou uma pensão aos reformados, eu não estou a entrar num jogo partidário para ver se o Governo perde ou ganha. Esta decisão exige que todos nós pensemos nos portugueses, nos que mais sofrem e nos que mais precisam", argumentou.
Em suma, segundo Seguro, "o que está em questão é saber se os políticos portugueses são ou não capazes de tudo fazer para que sejam as famílias dos que menos têm a ganhar no final com a aprovação do Orçamento".
"O sentido de interesse nacional que demonstrei penso (tenho quase a certeza) que os portugueses também exigem ao actual primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] para que todos sejamos capazes de nos movermos das nossas posições, tendo em vista melhorar ou tornar menos violenta a vida dos nossos concidadãos", acrescentou.