O secretário-geral do PS afirmou, esta quarta-feira, que irá opor-se em absoluto a uma privatização da Águas de Portugal e acusou o Governo de pretender aumentar o custo da água para esconder a situação financeira desta empresa.
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Falando na sessão de encerramento de um colóquio do PS subordinado ao tema "Água um bem comum", na Assembleia da República, António José Seguro manifestou a sua total oposição a uma eventual privatização do grupo Águas de Portugal.
"As questões ambientais, a água, não são um tema mercantil, enquadrável em qualquer fúria privatizadora. A água é essencial, seja para o abastecimento, seja para o ambiente de forma abrangente - e o país não pode deixar de encarar este como um dos seus setores estratégicos", defendeu o secretário-geral do PS, recebendo uma prolongada salva de palmas da plateia.
Para o líder do PS, "o Estado não pode demitir-se das suas responsabilidades e delegá-las nos privados".
"A responsabilidade não se delega", acentuou.
Numa outro aviso ao Governo, António José Seguro considerou estranhas intervenções de vários membros do executivo e, sobretudo, do ex-dirigente do PSD e responsável pelo processo de privatizações, António Borges, que terá defendido uma "limpeza" e "reestruturação" do setor da água.
"Com muita clareza, quero dizer ao Governo e ao primeiro-ministro que o PS é contra a privatização do grupo Águas de Portugal", disse.
Antes, já António José Seguro tinha sustentado a tese de que os constrangimentos do atual sistema "não passam apenas pela disparidade tarifária entre litoral e interior".
"Entendemos que a resolução dos problemas não passa pelo anunciado aumento do custo da água. Esse aumento serve apenas para esconder o objetivo de resolver à custa dos consumidores a situação financeira do grupo Águas de Portugal", advogou o líder dos socialistas.
Na sua intervenção, o secretário-geral do PS afirmou também que a comissão de acompanhamento para a aplicação e desenvolvimento da convenção entre Portugal e Espanha sobre bacias hidrográficas não se reúne desde setembro de 2011.
"Queremos saber da parte do Governo, em particular do primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho], o que tem a dizer sobre este facto, tendo presente a situação de seca extrema numa parte substancial do território nacional, com consequências gravíssimas para a agricultura. Esta é uma das consequências que o PS temia após a reorganização dos serviços do Ministério do Ambiente para a área da água", declarou o líder dos socialistas.