Seguro queixa-se de "opacidade" dos líderes europeus na gestão da crise espanhola
O secretário-geral do PS insurgiu-se hoje contra a "opacidade" na gestão dos principais problemas da União Europeia, depois de o primeiro-ministro garantir que Espanha ainda nem sequer solicitou oficialmente assistência financeira para recapitalização da sua banca.
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A questão sobre as condições em que se processará a ajuda europeia destinada à recapitalização da banca espanhola foi um dos temas que gerou tensa discussão no debate entre António José Seguro e Pedro Passos Coelho na Assembleia da República.
Na sequência de uma extensa troca de argumentos entre Passos e Seguro - com o primeiro-ministro a garantir sempre que ainda não estão definidas as condições do empréstimo a Espanha -, o secretário-geral do PS queixou-se de falta de transparência neste processo: "Neste momento, o que a União Europeia menos precisa é de opacidade nas decisões dos líderes europeus", disse.
Antes destas palavras de Seguro, já Pedro Passos Coelho se manifestara surpreendido pelo facto de o líder socialista ter voltado a levantar o tema sobre as condições em que se processará a ajuda à recapitalização da banca de Espanha.
Pedro Passos Coelho disse mesmo que julgava que o seu ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, "tudo já tinha esclarecido" esta semana no Parlamento.
"Não há ainda condições negociadas por parte de Espanha. Ainda não há sequer um pedido oficial feito pelo Governo de Espanha", respondeu o primeiro-ministro, recebendo palmas das bancadas do PSD e do CDS.
Mas António José Seguro insistiu no tema, contrapondo que, das palavras de Pedro Passos Coelho, se poderá depreender que os ministros das Finanças da zona euro "aprovaram um empréstimo sem definir as condições".
O primeiro-ministro respondeu de forma seca e com uma só palavra: "Não".
"Então senhor primeiro-ministro, esclareça os portugueses o que estiveram os ministros das Finanças horas a fazer [no sábado passado] e se as notícias que estão nos jornais são todas falsas sobre o apoio a Espanha", prosseguiu o líder dos socialista.
Perante esta insistência de Seguro, o primeiro-ministro reiterou a sua tese, repetindo a garantia de que "não nenhum pedido oficial da Espanha ao euro grupo e, nessa medida, não pode haver condições definidas de um empréstimo que não foi formalmente solicitado".