O secretário-geral do PS, António José Seguro, insistiu esta terça-feira que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, faça "prova" das suas palavras acerca de um aumento do salário mínimo nacional e convoque a concertação social.
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"Com as palavras do primeiro-ministro todo o cuidado é pouco, por isso, desafiei o primeiro-ministro a fazer prova da sua palavra, a convocar de imediato o conselho da concertação social. Já passaram mais de dois dias e o primeiro-ministro ainda não convocou", disse António José Seguro.
Falando aos jornalistas no final de uma visita à Adega Cooperativa de Pegões, Seguro disse não saber quais são as "exigências" e "condições" que o chefe do Governo colocará para a subida do salário mínimo, de 485 euros, frisando que "há um consenso no país" para essa atualização e que o primeiro-ministro é que tem estado fora desse consenso.
O líder socialista recusou ainda avançar o valor que defende para a atualização do salário mínimo, afirmando não se poder substituir aos representantes dos trabalhadores e às confederações patronais, que se reúnem em concertação social.
Sobre os encontros com os partidos com primeiro-ministro que estão a decorrer na residência oficial de São Bento, António José Seguro disse não saber "qual é objetivo concreto desses encontros", nem "o que está em cima da mesa".
"Não sei o que é que o Governo está a falar com os partidos políticos que convidou para este dia. Se é a continuação do [encontro] que o primeiro-ministro teve comigo há cerca de três semanas, não tenho, obviamente, expectativa nenhuma, e portanto será digamos um procedimento de circunstância", disse.
Seguro e Passos Coelho encontraram-se a 17 de março, em São Bento, e no final dessa reunião, que durou três horas, o secretário-geral do PS disse existir uma "divergência insanável" com o Governo sobre a estratégia orçamental para o país, apesar de ter destacado o "grande consenso" no país em torno da consolidação das contas públicas, uma vez que os socialistas votaram "favoravelmente o tratado orçamental e a introdução de uma regra de disciplina orçamental na lei de enquadramento orçamental".
Este encontro antecedeu outro, entre Passos Coelho e a chanceler alemã, Angela Merkel, que ficou marcado por uma troca de impressões sobre a saída de Portugal do programa de assistência financeira.
Seguro cumpriu hoje uma "visita que estava prometida há muito tempo" à Adega Cooperativa de Pegões, satisfazendo a sua "curiosidade imensa", suscitada pela "qualidade do vinho que produz e sobretudo pela modernização, em particular, nos últimos 15 anos".
"Fiquei encantado por perceber que a maior parte das pipas, das tinas, do vidro, da cortiça, é comprado no país, o quer dizer que há pouca incorporação de importações, isso é muito importante na afirmação da nossa economia, para que ela seja competitiva", disse, após percorrer todos os setores da adega.
O líder socialista sublinhou que na década de 2000 a adega praticamente não exportava e hoje vende vinho para 35 países nos quatro continentes.
"Significa que houve visão, que houve capacidade no sentido de modernizar esta adega, fazendo com que isso contribua para a economia local aqui da zona de Pegões e dando um contributo muito grande para que as nossas exportações continuem a aumentar", disse.
O final da visita foi selado com um brinde com um moscatel premiado, no qual o secretário-geral do PS identificou o paladar aveludado, o que foi confirmado pelo enólogo Jaime Quendera, que acrescentou que aquilo que o particulariza é o travo a mel e casca de laranja.
Seguro sugeriu que à paleta de sabores do moscatel de Pegões pudesse também ser acrescentado um travo a "pétala de rosa".