"A primeira condição é devolver a palavra aos portugueses", afirmou António José Seguro numa conferência de imprensa, esta terça-feira à noite, minutos depois de Pedro Passos Coelho ter anunciado que não se demitiria do cargo de primeiro-ministro e que iria desenvolver diligências junto do parceiro de coligação para a esclarecer as condições de apoio político do CDS-Partido Popular ao Executivo.
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Considerando "surpreendente" a atitude de Pedro Passos Coelho, pois "só um primeiro-ministro distante da realidade e sem a noção do que se está a passar pode pretender perpetuar-se no cargo", o líder do PS sustentou que "o que existe já não é um governo, mas um conjunto de ministros".
O governo "precisa de uma legitimidade forte", a qual, "nos termos constitucionais, só a realização de eleições pode conferir", declarou António José Seguro, sustentado que o primeiro-ministro "colocou o país numa crise gravíssima sem precedentes"
"O Governo desmoronou-se, caiu na praça pública e o primeiro-ministro perdeu definitivamente o mínimo de autoridade política para continuar a governar", disse, considerando que o país "precisa de um novo governo, de um governo forte, de um governo competente, de um governo coeso".
Insistindo que, para conferir legitimidade ao governo, "é necessário que se realizem eleições", António José Seguro disse pretender deixar ao país uma declaração de "confiança realista de quem tem os pés assentes a terra" para de imediato enunciar que "a primeira condição é devolver a palavra aos portugueses".
"Não podemos continuar nesta situação, que é situação gravíssima", acrescentou aos jornalistas, recordando que, em Abril, a sua bancada apresentou uma moção de censura, cujo objetivo já era o da realização de e eleições.
Aquela exigência foi colocada pelo PS quando foi conhecida a demissão do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Esta e a do ministro das Finanças representam "o fim do Governo PSD/CDS-PP", disse o seu porta-voz, João Ribeiro.
Seguro, que esta quarta-feira à tarde é recebido por Cavaco Silva, disse que, "perante o descalabro institucional", mantém "o respeito institucional" pelo Presidente da República, mas recusou antecipar em público o que dirá "em privado".