O secretário-geral do PS, António José Seguro, distanciou-se esta sexta-feira do que disse serem os "senhores da 'troika'", ao apontar que Portugal não pode aceitar a imposição de medidas como a redução dos salários.
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"Não aceitamos que a 'troika' venha a Portugal impor aos portugueses o caminho que devemos fazer para cumprir as metas com que nos comprometemos", afirmou António José Seguro, em Valença, durante um jantar com militantes do PS.
"Recuso qualquer diminuição dos salários em Portugal", disse, acrescentado que essa medida, defendida pela 'troika', "apenas" permitiria "competir com países que não têm o mesmo nível de desenvolvimento".
A aposta, insistiu, passa pela inovação, apoio às empresas exportadoras e qualificação dos trabalhadores portugueses. "E não baixar os salários como tentam propor esses senhores da 'troika' que cá vieram", acentuou, dizendo: "Nós, socialistas, não aceitámos que nos digam que a competitividade em Portugal se faz diminuindo os salários na função pública e no sector privado".
Perante cerca de 370 apoiantes, António José Seguro voltou a insistir na necessidade do alargamento para três anos do prazo para a consolidação orçamental de forma a "suavizar" os "sacrifícios" aos portugueses.
No entanto, ressalvou: "Tenho receio que a receita que estão a colocar em Portugal, com o apoio deste Governo, em vez de nos curar, possamos padecer pela cura".
Por isso voltou a aludir à necessidade de capitalizar as indústrias exportadoras, acusando a 'troika' de cometer um "autêntico disparate" ao dizer "que não há necessidade de injectar dinheiro" nestas empresas, que "dele precisam como do pão para a boca". Salientou que esta "é a diferença entre quem olha só para números e quem conhece a realidade do País".
Para o líder do PS, os "sacrifícios" podiam ainda ser "minimizados" este ano, por entender que a transferência do fundo de pensões da banca para o Estado "tudo leva a crer" que poderia ser suficiente para travar o corte de metade do subsidio de Natal.
"Quando nos dizem que não há alternativa nós estamos a dizer, por A mais B, que sim, há alternativas", apontou.