As centrais sindicais reunidas esta quarta-feira em sede de Concertação Social consideram inaceitável a proposta do Conselho Europeu que pediu uma redução do orçamento da União Europeia em 80 mil milhões de euros para 2014-2020.
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"Nós achamos que o orçamento é inaceitável para Portugal. É inaceitável um corte nos fundos de coesão, é inaceitável o corte nas políticas agrícolas, é inaceitável uma política europeia que nada tem a ver com perspetivas de crescimento de emprego. Nós temos a noção que a manutenção deste orçamento ligado a uma estratégia de austeridade e não a uma estratégia de crescimento de emprego será profundamente negativo", disse aos jornalistas João Proença, secretário-geral da UGT, antes do início da reunião de Concertação Social.
O encontro entre os parceiros sociais e o governo começou às 14.30 horas e conta com as presenças do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas; do ministro da Segurança Social, Pedro Mota Soares e do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Morais Leitão, que vão informar sobre a posição e estratégia defendida pelo Executivo sobre a proposta do Conselho Europeu.
"Nós esperamos é que o governo português assuma uma posição forte contra (o Conselho Europeu) mas parece que o primeiro-ministro diz que nunca seria uma minoria de bloqueio. Que assuma claramente uma posição ligando-se a outras pessoas que queiram assumir esses bloqueios", acrescentou ainda João Proença.
Para Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, a redução proposta pelo Conselho Europeu "não passa pela cabeça de ninguém" porque, afirmou, vive-se um quadro em que a Europa precisa de crescimento económico e de emprego e a proposta "que agora é apresentada pelo presidente do Conselho Europeu" é de redução do orçamento relativamente ao plano que neste momento está em vigor.
"O que se perspetiva neste momento é a necessidade de promover uma política que dinamize a economia na Europa, que promova o crescimento económico, crie empregos, mas aquilo que se está a verificar é uma redução do orçamento e, neste caso concreto, com prejuízo para os países como Portugal, que precisam de mais apoios para dinamizarem a economia e promover a coesão social", disse ainda Arménio Carlos antes da reunião de Concertação Social que urge o governo a defender os interesses de Portugal.
"O governo não pode ter outra posição que não seja a defesa dos interesses nacionais. Nós entendemos que o primeiro-ministro ou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros têm obrigação de defender os interesses nacionais e se até agora não o fizeram em relação à 'troika', pelo menos que o façam de uma vez em relação em relação ao Concelho Europeu", acrescentou o secretário-geral da CGTP, sublinhando que Portugal não se deve "subordinar" às políticas "ditadas por fora".
"Defender os interesses nacionais é uma coisa e, se porventura continuarmos a verificar a situação que tem ocorrido até agora que é a de subordinação de políticas ditadas por fora, é evidente que não contarão com o nosso apoio, pelo contrário. Por isso, continuaremos a apresentar propostas e alternativas e é isso que mais uma vez iremos fazer", concluiu Arménio Carlos.
Na semana passada, o Conselho apresentou uma proposta de redução do orçamento da UE em 80 mil milhões de euros para 2014-2020, em relação à proposta da Comissão Europeia.
