<p>Semana intensa na comissão parlamentar de inquérito ao caso PT/TVI. Até sexta-feira, estão marcadas audições a nada menos de dez personalidades. A maratona começa hoje, segunda-feira, com a audição de Armando Vara e de Manuela Ferreira Leite.</p>
Corpo do artigo
A presença do antigo-ministro socialista, administrador do BCP com mandato suspenso e arguido no caso "Face Oculta", está a criar expectativas. Não tanto pelo que possa dizer, mas mais pela possibilidade de adoptar a mesma atitude de Rui Pedro Soares.
Na quarta-feira, o ex-administrador da PT, figura central da tentativa de compra da TVI pela telefónica, remeteu-se ao silêncio. Invocando a condição de arguido no caso Tagus Park, alegou que, se falasse, poderia ser prejudicado. O mutismo, susceptível de o incriminar por desobediência qualificada, já está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal.
Novas recusas de prestação de depoimento, como reconhecem os partidos da Oposição, podem pôr em causa a sobrevivência do inquérito - ou pelo menos a sua eficácia. Mas fontes parlamentares disseram ao JN não acreditar que Armando Vara se furte a esclarecimentos, tanto mais que o caso em que é arguido não tem nenhuma conexão com o que o inquérito parlamentar aprecia - os contornos do abortado negócio entre a PT e a TVI e a veracidade das declarações proferidas a propósito dele no Parlamento pelo primeiro-ministro. Ainda que Vara seja chamado por causa de conversas com Paulo Penedos, outro protagonista da história, interceptadas em escutas telefónicas no âmbito do caso "Face Oculta", que já foram solicitadas à comarca do Baixo Vouga.
Quando à audição da antecessora de Passos Coelho na liderança do PSD, é de prever que permita aos deputados esclarecer o grau de conhecimento que tinha da aquisição do canal televisivo pela PT, bem como quando soube. Desde que se tornou conhecido, Manuela Ferreira Leite insistiu sempre que o primeiro-ministro faltou à verdade, quando disse desconhecer o negócio.
Também para hoje, está prevista a audição a Bernardo Bairrão, administrador da TVI que já depôs na comissão de Ética. Uma boa parte das figuras convocadas, aliás, fora chamada a essa sede [ler "calendário"], onde continua a desenvolver-se a "investigação" ao exercício da liberdade de expressão em Portugal.