José Sócrates insistiu hoje, sexta-feira, no apelo à responsabilidade do PSD na aprovação do próximo Orçamento do Estado, rejeitando "somar uma crise política à crise económica", mas os Verdes responderam que a atitude responsável é chumbar a proposta do Governo.
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No final do debate quinzenal com o primeiro ministro na Assembleia da República, a deputada do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), Heloísa Apolónia, perguntou ao primeiro ministro "para que lado é que acordou hoje" quanto à sua eventual demissão em caso de chumbo da proposta de Orçamento do Estado, que o Governo entregará hoje no Parlamento.
"Eu não faço nenhuma declaração, para além daquela que fiz, e mantenho, que contribua para esse clima de crise. Não quero juntar-me àqueles que de forma irresponsável, penso eu, lançaram o discurso da guerra política, da crise política, da ausência de cooperação, logo em Agosto", disse o primeiro ministro, numa referência às posições do líder do PSD na festa do Pontal, em que Passos Coelho advertiu o Executivo que o partido só aprovaria um orçamento que apostasse na redução da despesa e sem aumento de impostos.
No mês passado, o primeiro ministro afirmou que o Governo não poderá continuar em funções se o Orçamento para 2011 for rejeitado e lamentou que o presidente do PSD tenha recusado uma negociação prévia da proposta do Governo.
Hoje, Sócrates sustentou que "só essa ideia de crise política" prejudica o país, acrescentando que "somar uma crise política à crise económica é tudo menos o que o país precisa".
"Todas as minhas declarações vão no sentido do apelo à responsabilidade e que em particular o maior partido da oposição pare com as incertezas, pare com o tabu e de uma vez por todas diga qual é a sua posição quanto ao orçamento", afirmou o primeiro ministro.
O primeiro ministro acrescentou: "Eu não sou dos que viram a cara, dos que se vai embora. Eu sou daqueles que, em face das dificuldades, luto pelo meu país, enfrento as dificuldades".
"Então porque é que fez declarações públicas sobre a abertura dessa eventual crise política? De acordo com o seu raciocínio, o que é que fez ao país?", perguntou Heloísa Apolónia.
A deputada ecologista considerou que o Orçamento do Estado "será uma desgraça" para o próximo ano e afirmou que "a irresponsabilidade está na apresentação deste Orçamento do Estado".
"A responsabilidade de todos os partidos que aqui estão sentados e que têm de facto um olhar real sobre o país é chumbar este Orçamento do Estado. Os Verdes apelam ao chumbo literal deste Orçamento do Estado, porque o Governo tem de apresentar outras soluções para o país", afirmou.
O PEV condenou ainda o silêncio do Governo, depois de banqueiros terem afirmado que serão os clientes a pagar a nova taxa sobre o passivo dos bancos, criticando ainda o valor desse imposto, "entre 0,01 e 0,05 por cento".
"Devemos ser ou provavelmente iremos ser o primeiro país a adoptar uma taxa de imposto sobre o passivo dos bancos. A percentagem tem de ser muito pequena, senão o imposto a pagar é gigantesco. O objectivo é que este imposto esteja em linha com outros impostos semelhantes", explicou o primeiro ministro.