Num só terreno e em dois dias, um empresário investigado pela PJ por expropriações suspeitas obteve um lucro fabuloso. A uma viúva a AEDL/Brisa oferecia 12 500 euros, mas a Vítor Batista pagou 250 mil euros.
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Maria Isabel Machado era proprietária de um terreno com a área de 9200 metros quadrados em Maumosteiro, freguesia de Crestuma, Gaia. De acordo com documentos a que o JN teve acesso, a 15 de dezembro de 2009, recebeu uma carta da Brisa-Engenharia e Gestão SA informando-a de uma proposta de 12 500 euros para expropriação amigável de 2962 metros (cerca de um terço do terreno) para a construção da A32. A carta era assinada por João Malheiro Reymão que atuava em representação da Auto Estradas do Douro Litoral (AEDL) e em nome do Estado.
Mas, entretanto, surgiu à viúva uma proposta que, comparando com os valores oferecidos pela AEDL/Brisa, não fariam ninguém hesitar. Vítor Batista, contabilista e empresário de Sandim, Gaia, ofereceu-lhe pelo terreno todo (os tais 9200 metros quadrados) um total de 100 mil euros. Sem pestanejar, Maria Isabel Machado vendeu o terreno, no dia 25 de maio de 2011, à construtora Alexandre Emanuel, de que Vítor Batista era sócio-gerente.
Apenas dois dias depois, a 27 de maio de 2011, a AEDL finalmente celebrou a escritura de expropriação amigável. Mas em vez de adquirir à viúva os 2962 metros quadrados por 12 500 euros, comprou a Batista 3893 metros (mais 931 metros) pelo montante global de 250 mil euros. Ou seja, cerca de 20 vezes mais do que oferecera à anterior proprietária.
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