Um empresário do ramo automóvel , de Gaia, é apontado pelas autoridades como suspeito de introduzir no mercado em Portugal mais de 100 viaturas roubadas em França e Luxemburgo. Há sete carros de gama alta cuja falsificação foi confirmada pela PJ do Porto.
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Na maioria dos casos, a marca em causa é a Audi, modelo A6 Allroad, conhecido por ser dos mais dispendiosos oriundos daquela construtora. O preço médio de venda dos usados rondava os 45 mil euros.
Conhecido da PJ por indícios de envolvimento em outros casos de tráfico e viciação de viaturas, o comerciante, de 36 anos, opera no mercado como importador, desde França e Luxemburgo, promotor de legalização em Portugal e distribuidor por standes e clientes espalhados por todo o país, incluindo Lisboa e Algarve. Para promoção do negócio das viaturas importadas usava também anúncios na imprensa e na Net.
Acontece, porém, que à PJ chegaram informações que apontavam aquele empresário como suspeito de se dedicar também ao escoamento de automóveis roubados ou furtados naqueles países, inserindo-se, alegadamente, numa organização mais ampla, a nível europeu.
As suspeitas incidiram num minucioso esquema de introdução no mercado legal, através de Portugal, de viaturas que, caso voltassem a ser comercializadas em França ou no Luxemburgo, faria incorrer os vendedores em alto de risco de serem apanhados.
Nesse contexto, para a introdução no mercado português, as viaturas eram também alvo de viciação, mais precisamente no número de “chassis”, para não ser detectada a proveniência ilegítima - o roubo.
Legalizados em Portugal
Perante estas informações, a PJ examinou mais de 100 viaturas vendidas por todo o país, directa e indirectamente sob intervenção do empresário suspeito.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, os inspectores chegaram inclusive a analisar várias viaturas que chegaram à posse de jogadores ligados a importantes clubes de futebol e também conhecidos profissionais do meio televisivo. Só que, relativamente a estas concretas viaturas, acabou por não se confirmar a falsificação.
Diferente foi o desfecho referente a sete outros carros analisados, cuja falsificação acabou confirmada através de perícias do Laboratório de Polícia Científica.
Além dos “chassis”, também os documentos relativos aos automóveis em França e no Luxemburgo eram falsos. Mesmo assim, serviam para ser apresentados à legalização em Portugal, aparentando proveniência lícita.
O conjunto destes factos reunidos pela PJ vai ser agora remetido ao Ministério Público. Ao magistrado titular pelo inquérito cabe decidir se acusa o empresário.
O inquérito agora concluído é uma certidão de outro processo investigado há alguns anos. Neste caso, porém, o mesmo indivíduo acabou por ser absolvido, por existirem dúvidas quanto à sua participação. Estava em causa a viciação de oito viaturas.