Crime de Beja: Serviços Prisionais alegam que preocupação era proteger o recluso
O director-geral dos Serviços Prisionais explicou que a preocupação quanto ao alegado homicida de Beja, encontrado morto na cela esta sexta-feira, era protegê-lo dos outros reclusos e que nada fazia prever o desfecho que o caso teve.
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Em declarações à Lusa, Rui Sá Gomes disse que o recluso teve de sair da cadeia de Beja "por razões de segurança", tendo sido transferido para o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), e que "tinha rondas muito apertadas e muita vigilância".
"Gostaria de salientar que tivemos uma redução do suicídio nas cadeias portuguesas graças ao programa integrado de prevenção de suicídio, uma vez que em 2011 houve oito casos e no ano anterior 19", afirmou Rui Sá Gomes, que realçou que o recluso em causa "era objecto de vigilância apertada, com rondas sucessivas".
Questionado sobre qual a periodicidade das rondas na zona de celas, onde estava o alegado homicida de Beja, Rui Sá Gomes disse que deve rondar os 45 minutos, realçando que essa é uma matéria a ser apurada no inquérito aberto.
"Determinei a abertura de um inquérito, que ficará a cargo de um procurador dos Serviços de Auditoria e Inspeção da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais. Determinei urgência nesse inquérito e penso que a curto prazo será concluído", afirmou o responsável, sublinhando, a propósito da periodicidade das rondas: "é uma das conclusões que temos de apurar".
De acordo com uma nota da DGSP, o recluso foi observado pelo enfermeiro de serviço à chegada e estava "calmo, consciente e orientado".
"No período que permaneceu sozinho na cela, entre as 21.15 horas e a 1 hora da manhã, hora em que foi encontrado sem vida, foi objecto de vigilância através de várias rondas", acrescentou a DGSP.
Francisco Esperança, um antigo bancário de Beja, de 59 anos, foi detido por suspeitas de ter assassinado à catanada a mulher, a neta e a filha e mantido os corpos em casa durante uma semana.
Após a detenção, elementos da PSP entraram na casa, na rua de Moçambique, onde encontraram os cadáveres da mulher, de 53 anos, da filha, de 28, e da neta, de quatro, cujos funerais se realizaram quarta-feira à tarde.
O homem, que já tinha cumprido pena de prisão por um desfalque no banco onde trabalhou, incorria numa pena entre 12 e 25 anos de prisão por cada um dos três crimes de homicídio.