<p>Com o julgamento já na recta final, Bruno "Pidá" decidiu falar. Para dizer que está inocente de todos os crimes, que nunca usou armas e para queixar-se que está a ser acusado por testemunhas que lhe "querem mal".</p>
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"Não matei ninguém e não sou nenhum criminoso". Foi assim que o arguido mais mediático do processo "Noite Branca" iniciou, ontem, o seu depoimento, no Palácio da Justiça do Porto. A poucos dias das alegações finais (4 de Dezembro), Bruno negou envolvimento nos quatro tiroteios de que é acusado, entre os quais o que resultou na morte do segurança Ilídio Correia, em 29 de Novembro de 2007.
"Não estive lá", jurou o arguido, rejeitando, também, qualquer ligação a um BMW escuro, visto a arrancar do local do crime e que, segundo a investigação da Polícia Judiciária, lhe pertencia. A esse respeito, Bruno admitiu que chegou a andar com um carro daquela marca, mas que "já o tinha entregue a um stande 20 dias antes".
Confrontado com o facto de haver testemunhas a implicá-lo no homicídio - sobretudo irmãos e amigos de Ilídio, que acompanhavam a vítima mortal - "Pidá" revelou-se revoltado, insinuou que os depoimentos foram manipulados e partiu para o ataque. "Estou a ser julgado não pelo tribunal mas por essas testemunhas, que são pessoas que me querem mal. Essas pessoas exturquem meio mundo no Porto, mas ninguém dá a cara", afirmou, considerando que "o julgamento já parece feito" e que "não estão a dar valor às testemunhas de defesa".
"Nunca usei armas (...) A única coisa que assumo foi ter andado à porrada como o Natalino (irmão de Ilídio), e não foi por vontade minha", continuou, referindo-se a um incidente ocorrido em Miragaia, em 25 de Agosto de 2007. Sobre este caso, "Pidá" alegou que só queria "conversar" por causa de um desentendimento, no dia anterior, na discoteca La Movida, em que Natalino e o irmão Hélder teriam agredido um colega seu, a quem estaria a ser "exigido dinheiro" a troco de "protecção".
"Pidá" realçou que, no confronto com Natalino, até saiu a perder. "Ele virou-se logo a mim aos murros, agarrei-lhe o pescoço, ele pegou-me pelas pernas, pendurou-me no varandim, atirou--me e caí de costas", descreveu. Bruno sublinhou que ficou bastante combalido e que nada teve a ver com o tiroteio, no dia seguinte, na Praça do Cubo, na Ribeira, em que terão sido feitos disparos em direcção aos irmãos Correia. "Eu estava em casa, cheio de dores", revelou.
O arguido desmentiu, também, a autoria de tiros contra o carro onde seguiam Natalino e um amigo, no túnel da Ribeira, em 28 de Novembro. "Não tenho nada a ver. Não estava lá", assegurou, pondo em causa escutas telefónicas que indiciam a sua presença no local e rejeitando as alcunhas "Bico", "Nariz" e "Rei" que lhe são atribuídas na acusação.
Já no incidente na Rua Nova da Alfândega, em Maio de 2007, em que um indivíduo foi alvejado de raspão numa perna, o acusado contou que o carro usado pelo atirador estava "alugado", na altura, a Nuno "Gaiato" (segurança abatido em Julho seguinte). Este, segundo "Pidá", tinha contas a ajustar com a vítima, por causa de desacatos no bowling do ArrábidaShopping, em Gaia.