O presidente da Câmara de Oeiras confessou-se hoje, segunda-feira, surpreso com a condenação a sete anos de prisão, justificando que não ficaram provados os factos pelos quais está acusado e adiantou que vai manter a candidatura às próximas autárquicas.
"Não foram apresentadas quaisquer provas contra mim. Fui condenado por um cheque de quatro mil contos para comprar dois quadros e que serviu para um crime de corrupção passiva, branqueamento de capitais e fraude fiscal", disse o autarca aos jornalistas à saída do tribunal de Sintra.
Isaltino Morais contestou as provas apresentadas pelo Ministério Público e manifestou a sua inocência, mostrando-se convencido de que, quando este processo chegar ao fim, será considerado inocente.
"Fui condenado por abuso de poder por ter recebido um terreno em Cabo Verde da câmara municipal de São Vicente, no âmbito da cooperação entre autarquias. O tribunal entendeu condenar este gesto em 15 meses de cadeia", adiantou.
"Ao longo destes meses, o tribunal não fez prova contra mim, sempre clamei pela minha inocência e continuo a fazê-lo. Estou convencido de que quando este processo chegar ao final eu serei declarado inocente", disse.
O autarca referiu que não pode "ser um bode expiatório da sede contra os políticos".
"Se não fosse o Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras e ex-ministro a ser julgado, provavelmente teria sido absolvido já. Provavelmente há quem queira que sirva de exemplo e eu serei um bom exemplo", disse.
Isaltino Morais adiantou manter "a determinação, persistência e defesa dos interesses dos oeirenses", confirmando que a sua candidatura às próximas autárquicas se mantém.
"A política está num lado e a justiça no outro. Vamos a votos, a minha candidatura está apresentada com cerca de 10 mil assinaturas e os Oeirenses sabem escolher", disse.
O presidente da Câmara de Oeiras foi hoje condenado a sete anos de prisão e perda acessória de mandato por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.
Num acórdão que demorou cerca de quatro horas a ser lido, o colectivo de juízes deu como provados quatro dos sete crimes de que era acusado e determinou ainda a condenação de Isaltino Morais ao pagamento de uma indemnização de 463 mil euros à administração fiscal.
Os restantes quatro arguidos - Fernando Trigo, Floripes Almeida, João Algarvio e Mateus Marques - foram absolvidos.
