Rui Patrício, advogado de José Penedos no processo Face Oculta, considera que, se Paulo Penedos, o filho, igualmente arguido, mencionou o pai nas conversas com Manuel Godinho, o seu cliente não pode responder por isso.
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A tese defendida aos jornalistas, pela defesa de José Penedos, no final da sessão desta quinta-feira, é de que o arguido não pode responder pelas declarações do filho. No julgamento que decorre em Aveiro, arguido foi ouvido e confrontado com escutas telefónicas de diálogos do seu filho com o empresário de Ovar, que a Acusação interpreta como uma alusão ao então responsável máximo da REN.
"O que Paulo Penedos diz a terceiros, invocando o nome do pai, ou outros nomes, só ele responde por isso e só ele o pode explicar", disse Rui Patrício aos jornalistas.
O advogado reafirmou que José Penedos, nunca deu informações que não pudesse dar a terceiros, nem privilegiadas, nem específicas. O arguido repetiu o mesmo ao tribunal, momentos antes dentro da sala.
"O que o meu cliente disse foi que nunca passou informações específicas ou privilegiadas, ao contrário do que sustenta a acusação e essa é a verdade", frisou.
"Eu, Rui Patrício, respondo por aquilo que digo. O que dizem terceiros que eu disse ou que eu fiz, não respondo nem posso controlar. Pai e filho não falam só ao fim-de-semana, mas cada um estabelece ao longo da sua vida as fronteiras e as regras da sua própria profissão", exemplificou.
Em questão estava a limpeza da Central da Tapada do Outeiro, algo que segundo José Penedos há muito se projectava fazer, trabalho esse que o arguido Manuel Godinho tinha interesse em executar através de uma das suas empresas.
Quem estava na sala de audiências ouviu os telefonemas trocados entre o empresário e o filho do responsável da REN, em que, grosso modo, o primeiro dizia estar numa situação aflitiva para pagar aos empregados e precisar que lhe entregassem trabalho, e o segundo afirmava já ter falado e encaminhado a questão para "quem de direito".
Pelo meio estava a referência a um cheque de 30 mil euros e a alusão de que a pessoa a quem caberia a decisão estava em Madrid. A dedução de que se tratava de José Penedos era a consequência lógica desses diálogos, até porque, instado pelo juiz Raul Cordeiro, que preside ao colectivo, o arguido confirmou que se deslocava regularmente a Madrid por razões profissionais.
"Daí não se infere nada que comprometa José Penedos", defendeu o seu advogado.