O delegado do governo espanhol na Galiza, Samuel Juárez, disse, esta quinta-feira, que as forças de segurança espanholas continuam a trabalhar para encontrar elementos da Resistência Galega que estão possivelmente em Portugal.
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"Penso que não é nenhum segredo que a Resistência Galega funciona como uma organização, como tal é uma rede estruturada", afirmou o representante.
Samuel Juárez, que falava na sessão de abertura de um fórum dedicado à reforma fiscal na cidade galega da Corunha, afirmou saber que "existem pessoas na clandestinidade e estão identificadas", pois "uma dessas pessoas apareceu recentemente em vídeos através das redes sociais".
O representante explicou que o modo de operação deste grupo, que o Tribunal Supremo espanhol classificou em abril como uma organização terrorista, inclui vários elementos, com funções diferenciadas.
Os autores dos atentados do grupo recebem ordens de terceiros, que também fornecem o material necessário para a colocação de explosivos.
"Dão as instruções e provavelmente fornecem os explosivos. Acredita-se que [os elementos que dão as instruções operacionais] estão em Portugal", reconheceu Samuel Juárez, acrescentando que "há um conjunto de membros na Galiza que são responsáveis pela execução das ordens".
A Polícia e a Guarda Civil espanholas estão a trabalhar "constantemente para tentar deter os elementos e impedir as respetivas ligações", indicou o representante, salientando os sucessos alcançados até ao momento. "O trabalho tem sido muito eficaz e quero felicitar as forças de segurança do Estado" espanhol, concluiu.
A Resistência Galega é um movimento armado, que luta pela independência da Galiza, e que foi criado em 2005, ano da sua primeira ação, quando colocou um engenho explosivo na casa de Francisco Vázquez Pereira, ex-dirigente da Assembleia da Mocidade Independentista (AMI), acusado de ser delator da polícia.
Desde aí, realizou mais de 30 ações incendiárias ou com engenhos explosivos.
Em janeiro deste ano, fontes da luta antiterrorista espanhola explicaram que a Resistência Galega tinha ativos 15 membros operacionais em vários pontos da Galiza e que os seus dois líderes estariam instalados em Portugal, onde tinham fabricado muitos dos engenhos explosivos usados nas últimas ações do grupo.
Segundo as mesmas fontes, os dois principais líderes da Resistência Galega, Antón García Matos e María Asunción Losada Camba, estariam a viver no norte de Portugal.
Em novembro de 2013, os serviços de informação da Polícia espanhola detetaram a compra em Portugal de pelo menos seis armas pelos principais líderes da Resistência Galega, segundo notícias da imprensa regional galega.
Entre 2005 e 2013, as autoridades espanholas detiveram 18 membros do movimento, mas destacaram na altura a capacidade de regeneração da estrutura.