O Ministério da Justiça esclareceu, esta terça-feira, que "não recebeu nenhum pedido" relativo ao pagamento de verbas para perícias ou outras diligências que tenham sido requeridas no âmbito do caso dos submarinos ou de outro processo-crime.
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O esclarecimento foi prestado à Agência Lusa depois de o Procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, ter justificado o atraso na investigação do caso da compra por Portugal de dois submarinos à Alemanha com a falta de dinheiro para a realização de perícias.
"O Ministério da Justiça tem tido um empenho rigoroso na disponibilização dos meios necessários para que a investigação criminal faça o seu caminho", garantiu o Ministério da Justiça, em resposta enviada à Lusa.
O MJ adianta que, no caso do processo dos submarinos, sabendo da "dificuldade nas traduções para língua alemã que se colocavam no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP)", a ministra determinou a "afectação em exclusivo" a esse departamento do Ministério Público de uma técnica tradutora da Polícia Judiciária, para "a prática de todos os atos necessários".
"Mais se esclarece que também à PJ, apesar de o processo decorrer há vários anos, nunca foi solicitada a realização de qualquer perícia. Em Fevereiro de 2006, foi solicitada a colaboração da PJ para prestar assessoria na realização de buscas na sede de uma empresa, no âmbito do processo dos submarinos, não tendo sido pedida nenhuma colaboração posterior", explica o MJ.
Entretanto, Cândida Almeida disse não fazer qualquer comentário ao que foi dito pelo PGR, lembrando que o MP é uma estrutura hierarquizada.
O DCIAP revelou há meses que, no caso da venda a Portugal de submarinos de fabrico alemão, havia "diligências em curso" que aguardam a devolução de cartas rogatórias, ou seja o cumprimento de diligências judiciais por parte das autoridades germânicas.
No âmbito do dossier dos submarinos, o DCIAP abriu dois inquéritos (um relacionada com a compra e outro com o processo das contrapartidas), sendo que no primeiro (ainda em investigação) se investigam factos susceptíveis de configurarem o crime de corrupção, tráfico de influência e de branqueamento de capitais.
A compra de dois submarinos "209 PN", batizados de Arpão e Tridente, custou ao Estado portugueses 880 milhões de euros, tendo sido consumada numa altura em que Paulo Portas era ministro da Defesa e Durão Barroso primeiro-ministro.