O irmão mais novo do segurança Ilídio Correia, abatido a tiro no Porto em Novembro de 2007, testemunhou que após os disparos identificou os arguidos Bruno 'Pidá', Mauro S. e Fernando 'Beckham' junto ao local do crime.
Corpo do artigo
"Ouvi os disparos e comecei a correr. Quando olho para cima vejo o Bruno, o Mauro e o Beckam", afirmou ao tribunal Hélder Correia, acrescentando ter visto "Bruno com uma arma na mão" e "a disparar".
"Bruno, estou-te a ver. E a ti também Mauro", terá dito então.
O mais novo dos irmãos Correia, associados ao grupo de seguranças de Miragaia, lembrou alguns dos episódios que estarão na origem da divergência entre este grupo e o de seguranças da Ribeira, liderado por Bruno 'Pidá', e que terminaram na morte de Ilídio Correia.
Antes dos conflitos, disse Hélder, "éramos amigos e saía com eles à noite".
Porém, a 25 de Agosto de 2007, Pidá (acompanhado de dois indivíduos) terá ido ao estabelecimento de diversão nocturna 'La Movida Beach' onde estava "proibido de entrar" e no qual Ilídio Correia exercia as funções de segurança.
"Eles estavam proibidos de entrar. Armavam confusão e andavam armados dentro da discoteca", salientou Hélder Correia que "para evitar confusão" se dirigiu a 'Pidá' dizendo-lhe: "vocês, vindo aqui, estão a faltar ao respeito".
Bruno "exaltou-se logo" e Natalino Correia (também irmão de Ilídio) "acabou por intervir".
Nos dias seguintes continuaram os confrontos entre os dois grupos, nomeadamente uma troca de tiros na Ribeira de Gaia, onde os irmãos Benjamim 'Marcelo' e Ilídio se deslocaram para falar com 'Pidá', depois de Natalino ter chegado a casa 'a sangrar'.
Já a 29 de Novembro de 2007, data da morte de Ilídio, a testemunha lembrou que o irmão tinha acabado de estacionar o veículo, onde seguiam, em Miragaia (perto da Ribeira e frente à Alfândega do Porto) quando ouviu os disparos e começou a correr.
Foi então que identificou Pidá, Mauro e Beckham num plano superior àquele onde se encontrava.
Alguns advogados da defesa alertaram para o facto de Hélder não ter, numa primeira fase, identificado o arguido 'Beckham', ao que a testemunha respondeu: "Estava confuso e com medo, e não disse tudo".
Durante a sessão de hoje, terça-feira, testemunharam durante a manhã agentes da PSP e PJ que estiveram nos vários locais onde decorreram alguns dos incidentes entre os dois grupos.
A parte da tarde da sessão ficou ainda marcada pela identificação da companheira de Mauro Santos que entrou em contradição sobre o momento em que tinha começado a viver com aquele arguido.
Se na fase de inquérito disse apenas ser "namorada", já hoje identificou-se como "companheira" a viver "como casada".
A situação levou mesmo a uma troca de palavras entre a juíza-presidente Manuela Paupério e o arguido que chegou mesmo a dizer: "estão a pressionar a minha companheira, parece que ela é arguida".
Neste processo, estão em julgamento nove arguidos, cinco dos quais (Bruno Pinto "Pidá", Mauro Santos, Fernando Martins "Beckam", Ângelo Ferreira "Tine" e Fábio Barbosa "Suca") terão tido implicação directa no homicídio do segurança de origem cabo-verdiana Ilídio Correia, de 33 anos.