
O padre e vice-reitor do Seminário Menor do Fundão, suspeito de ter abusado sexualmente de menores internos da instituição, já está em prisão domiciliária em casa dos pais, em S. Romão, Seia. Este domingo, recebeu a visita do bispo da Guarda, D. Manuel Felício, mas mais nenhuma posição pública sobre o caso saiu da diocese.
Luís Mendes, 37 anos, foi denunciado, na passada quarta-feira, por alunos do seminário - que alberga, em regime de internato, 16 rapazes com idades entre os 11 e os 18 anos - e pelas respetivas famílias. A queixa foi apresentada na Polícia Judiciária da Guarda, cujos inspetores detiveram o pároco no dia seguinte, no cumprimento de mandados judiciais.
Tal como o JN noticiou, Luís Mendes, que morava no seminário, terá convencido menores a participar em atos sexuais. Não há relatos de violações ou de uso de violência física.
A chegada do vice-reitor a S. Romão foi discreta e aconteceu logo que foram reunidas as condições técnicas, na casa dos pais, para a instalação dos sistemas de controlo da pulseira eletrónica que lhe foi atribuída. Ao fim do dia, os seus familiares negavam que ele ali se encontrasse e mostravam-se agastados com a repercussão pública do caso. Carlos Mendes sublinha que o irmão é alvo de injustiça. "Estamos muito abalados. Um arguido tem de ser considerado inocente até que se prove o contrário, mas os órgãos de comunicação já o condenaram em praça pública", sustentou.
Visitado pelo bispo
Na tarde de domingo, por volta das 16.30 horas, o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e o padre de S. Romão, José Martinho, visitaram o padre Luís Mendes, mas sobre esta visita nada transpirou.
Esta foi, aliás, a única movimentação que a vizinhança estranhou. "Não vimos passar ninguém, se foi trazido para cá, foi discretamente e ninguém reparou", avançou Ana Paula Silva, que vive no mesmo prédio.
Para além do comunicado da Diocese da Guarda (ver caixa), a única posição pública da Igreja veio de D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas. "A Igreja tomou posições claras e cristalinas, não deixando dúvidas a ninguém", disse ao JN, referindo--se à nota da Diocese.
Pese embora confie na manutenção da presunção da inocência, D. Januário sublinhou que "será fundamental que a pessoa seja julgada, se apurem os fatos e seja feita Justiça".
*COM ALEXANDRA SERÔDIO
