A população de Oeiras mostrou-se, esta manhã de sexta-feira, solidária com Isaltino Morais, detido na quinta-feira pela PSP, defendendo que o autarca mostrou um "bom trabalho" e que o concelho tem "muito a perder" com a sua ausência.
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Não se fala noutra coisa pelas ruas e nos cafés do concelho de Oeiras. A cada conversa de circunstância, os moradores não ignoram a prisão do presidente Isaltino.
Carlos Fragoso Malato, proprietário do café "Queijadinhas de Oeiras", habitualmente frequentado por Isaltino Morais, disse que a notícia é "muito triste".
"Até ficar tudo provado estou 100% solidário, sem qualquer dúvida", afirmou o Carlos Malato, sublinhando que o concelho "tem muito a perder" com a saída de Isaltino.
"Basta olhar à volta e ver a obra feita. Oeiras tem muito a perder, isso é inquestionável", disse.
Também José Rodrigues, morador em Oeiras, há mais de 40 anos realçou o bom trabalho desenvolvido por Isaltino Morais enquanto autarca e lamentou a sua detenção.
"Oeiras está feito, agora é continuar o trabalho que ele desenvolveu. Estou solidário com o presidente, mas é claro que toda a gente tem de pagar pelos actos que comete", afirmou o munícipe.
Dina António, comerciante e moradora em Oeiras enfatizou também o trabalho de Isaltino enquanto autarca.
"Já moro aqui em Oeiras há muito anos e não tenho razão de queixa. Ele é um bom presidente", sustentou.
A mesma opinião tem Apolinário, morador do concelho há 30 anos: "Não vejo nenhum concelho como o nosso, é o melhor".
"Os fraudulentos têm de ser condenados mas há tanta coisa pior. Oeiras vai perder muito sem ele", concluiu.
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, foi detido na quinta-feira ao final da tarde pela PSP, no "cumprimento de um mandado de detenção", disse fonte da PSP à agência Lusa.
Posteriormente, a defesa do autarca enviou dois requerimentos ao Tribunal de Oeiras a solicitar a "libertação imediata" do autarca, considerando que foi detido um "presumível inocente", uma vez que o processo não transitou em julgado.
A certidão pedida na quinta-feira ao Tribunal Constitucional pela defesa de Isaltino Morais a comprovar o efeito suspensivo do recurso pendente chegou ao fim da manhã ao tribunal de Oeiras para ser apreciada por um juiz.
O 'Caso Isaltino teve início há mais de oito anos, por suspeitas de que possuía contas bancárias não declaradas na Suíça e na Bélgica. O autarca foi condenado em 2009 pelo Tribunal da Relação de Lisboa a dois anos de prisão, por fraude fiscal e branqueamento de capitais. A decisão deu origem a vários recursos, quer de Isaltino Morais, quer do Ministério Público para os tribunais superiores.