O primo da criança de Lousada desaparecida há 13 anos disse esta terça-feira no tribunal que foi convidado, conjuntamente com Rui Pedro, para irem às prostitutas a Freamunde, confirmando a tese da Acusação.
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"Ficámos entusiasmados, excitados e contentes, mas com um certo receio", afirmou, referindo-se ao alegado convite de Afonso Dias, único arguido neste processo.
A Acusação sustenta que foi após o encontro com uma prostituta que Rui Pedro desapareceu.
João André Mendonça, actualmente com 25 anos e 12 à data dos factos, explicou ao colectivo que o convite foi feito, à saída da escola, num caminho próximo, na véspera do desaparecimento de Rui Pedro, ou seja, no dia 3 de Março de 1998, uma terça-feira.
A testemunha revelou que Afonso Dias, cuja amizade era muito apreciada por Rui Pedro, prometera às duas crianças irem, na quarta-feira, atirar foguetes para a zona da pista da Costilha, após a qual seria a deslocação de automóvel até às prostitutas.
O encontro dos três ficou marcado para as 15 horas de quarta-feira, num local próximo da então Escola Preparatória de Lousada.
Num depoimento com quase três horas, André explicou que, após o convite de Afonso, as duas crianças conversaram sobre como poderiam realizar o encontro com o arguido sem conhecimento dos pais.
Na quarta-feira, dia do desaparecimento, após o almoço, André disse à mãe que iria para casa de Rui Pedro fazer uns trabalhos, mas não conseguiu autorização, acabando por ficar em casa.
A testemunha disse não saber se Rui Pedro terá ido ter com o arguido.
André confirmou que transmitiu, primeiro à família e depois às autoridades, a conversa que Afonso Dias teve com as duas crianças quando soube, por uma tia, do desaparecimento do primo, ao fim da tarde.
A testemunha disse também que na GNR, quando prestava declarações, Afonso Dias lhe terá pedido para "não abrir a boca" e que "as autoridades deviam fechar as fronteiras".
"Pode ser que ainda vão a tempo", terá dito o arguido, citado esta terça-feira por André.
Outra testemunha, um antigo estudante na Escola Preparatória de Lousada, depôs hoje no tribunal, garantindo ter visto Rui Pedro, que "conhecia de vista", entre as 14 e as 15 horas do dia 4 de Março, num descampado junto ao estabelecimento de ensino, a conversar alguns minutos com alguém que se encontrava num automóvel.
Confirmando a tese da acusação, Hélder Silva disse que Rui Pedro estava em cima de uma bicicleta e que, depois de a abandonar junto a um silvado próximo, entrou no automóvel, de cor preta.
Outras crianças, agora adultos, que alegam, neste processo, terem visto Rui Pedro entrar no automóvel, vão depor na quarta-feira como testemunhas arroladas pelo Ministério Público.