O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, garantiu hoje que a detenção de Duarte Lima se insere na estratégia para evitar um mega processo no caso BPN e que nada tem a ver com o processo contra o antigo deputado no Brasil.
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"A única coisa que posso dizer é que há processos em relação ao BPN e, para não dar um mega processo - sou contra os megas processos desde que tomei posse -, são autonomizados", disse.
"Relativamente a algumas pessoas há processos autónomos, para não estar tudo num panelão. Um deles diz respeito ao doutor Duarte Lima e, relativamente ao doutor Duarte Lima, entendeu o DCIAP [Departamento Central de Investigação e Acção Penal] que se deviam fazer buscas para completar a investigação", acrescentou.
Pinto Monteiro escusou-se, no entanto, a revelar de que tipo de crimes Duarte Lima está acusado, alegando que o processo está em segredo de justiça.
Por outro lado, lamentou o aparato mediático em torno da operação realizada pelo Ministério Público.
"Deviam ser feitas buscas discretamente, para respeitar a privacidade do cidadão - infelizmente não estão a ser feitas como eu pedi - e não com este aparato televisivo", disse, reconhecendo que só depois de concluídas essas buscas se poderá perceber o que irá acontecer.
"Ele [Duarte Lima] é advogado. Se as buscas forem no escritório, terão de ser acompanhadas por um advogado e depois será, com certeza, presente a um juiz. Quem vai decidir será o Ministério Público", frisou o PGR, salientando que já foram efetuadas operações idênticas em relação a outros arguidos no caso BPN.
Pinto Monteiro fez ainda questão de frisar que se trata de um caso que nada tem a ver com o processo movido pelas autoridades brasileiras contra o ex-líder parlamentar do PSD, que foi acusado de um crime de homicídio no Brasil.
"Isto não tem nada a ver com o processo do Brasil. Do processo do Brasil, aproveito para esclarecer uma vez mais, ainda não recebi absolutamente nada oficial. E sem receber nada oficial, não farei absolutamente nada", disse.
"Já falei por telefone, mas mesmo de lá me dizem: nós enviaremos. Só que decorrem ainda diligências, não sei o que vai vir. Abrir aqui um inquérito com o inquérito completo no Brasil, não", disse Pinto Monteiro, salientando que qualquer decisão da Procuradoria-geral da República "depende daquilo que o Brasil pedir".
O Procurador-geral da República falava aos jornalistas junto ao Tribunal de Almada, após uma reunião com magistrados, tendo-se congratulado com o desempenho de diversos tribunais da margem sul - Barreiro, Moita, Sesimbra, Seixal e Almada.
"A Justiça não é tão má nem tão negra como alguma comunicação social diz", afirmou Pinto Monteiro, que elogiou o trabalho realizado pelos tribunais da margem sul em diversas áreas, designadamente, nos casos de violência doméstica, bem como o esforço desenvolvido pelas equipas especiais que foram constituídas para combater a criminalidade violenta.