O advogado Ricardo Sá Fernandes afirmou esta segunda-feira à agência Lusa que "espera que o tribunal venha a reconhecer que tinha razão" quando gravou a conversa com o empresário da Bragaparques, Domingos Névoa.
Corpo do artigo
O Tribunal de Lisboa iniciou esta segunda-feira o julgamento do advogado Ricardo Sá Fernandes que está acusado do crime de "gravação ilícita" de uma conversa mantida, em 2006, com Domingos Névoa.
No final da primeira sessão, onde o empresário da Bragaparques foi ouvido, Ricardo Sá Fernandes explicou que "a defesa [de Domingos Névoa] afirma que o seu cliente foi contactado".
Ricardo Sá Fernandes afirmou que gravou a conversa por "recear que Domingos Névoa o viesse a acusar do contrário do que aconteceu", ou seja, que tinha sido o advogado a contactá-lo.
"Espero que no final o tribunal não deixará de reconhecer que eu tinha toda a razão de ter tido a cautela de ter gravado, porque se não tivesse gravado [a conversa] eu estava a correr o risco de ser acusado de o ter contactado e assim esse risco pelo menos não corro", disse Ricardo Sá Fernandes.
O advogado considerou que a primeira sessão do julgamento "correu bem" e vai "aguardar pelo decorrer do processo".
Ricardo Sá Fernandes disse ainda à Lusa que vai ser ouvido, na segunda sessão do julgamento, no fim do mês de Setembro e a última sessão do julgamento está marcada para Outubro.
De acordo com a acusação, Ricardo Sá Fernandes "gravou uma conversa com Domingos Névoa sem o conhecimento e o consentimento" deste, que era "colega de escritório da advogada de Domingos Névoa [Rita Matias] e que era simultaneamente advogada num processo que estava a correr entre Domingos Névoa e o irmão de Ricardo Sá Fernandes [José Sá Fernandes]".
Foi com base nesta gravação desta conversa, Ricardo Sá Fernandes se apresentou no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e se ofereceu para ser agente encoberto na investigação a um suposto crime de corrupção activa que Domingos Névoa teria praticado.