Sindicato dos Oficiais diz que é "completamente desproporcional" saída do diretor da PSP
O Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícias considerou, esta sexta-feira, ser "completamente desproporcional" a decisão do ministro da Administração Interna em afastar o diretor nacional da PSP no seguimento da resposta da Polícia na manifestação de quinta-feira.
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"O ministro exigiu que os responsáveis por aquilo que ele considerou terem sido as falhas naquele policiamento fossem responsabilizados, nomeadamente ao nível do seu lugar, e o diretor nacional da PSP assumiu essa responsabilidade", enquanto dirigente máximo da corporação, disse à agência Lusa o presidente do SNOP, comissário Henrique Gomes Figueiredo.
Para o sindicato que representa os oficiais da PSP, a atitude da Polícia foi correta, tendo em conta "o tipo de manifestantes e as suas capacidades", já que alguns estavam armados e habituados a lidar com este tipo de situações.
"Em função da informação que a polícia conseguiu recolher durante a manifestação, a decisão tomada do ponto de vista operacional foi a única que podia ser tomada, porque, de outra maneira, em vez de estarmos a discutir uma mudança de diretor nacional, estaríamos a discutir um dos episódios mais triste da nossa história com um autêntico banho de sangue", sustentou.
O presidente do SNOP adiantou que "não houve qualquer erro do ponto de vista do policiamento", tendo sido a decisão "mais acertada", uma vez que existia o potencial para acontecer "algo mais grave".
Por isso, os oficiais da PSP não compreendem a decisão do ministro Miguel Macedo, considerando que "eventualmente" a abertura de um inquérito seria o mais adequado.
"Questionamos quais são os verdadeiros motivos para esta demissão, porque não me parece que tenha a ver com questões técnicas e policiais, parece que tem a ver com questões políticas", sublinhou.
O presidente do SNOP referiu ainda que o "caminho certo" para a PSP é ter na sua direção polícias e que o regresso de um magistrado "criaria um problema para a instituição".
O diretor Nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes, colocou hoje o seu lugar à disposição, na sequência dos acontecimentos de quinta-feira em frente à Assembleia da República, tendo a sua disponibilidade sido aceite pelo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
O superintendente Paulo Valente Gomes assumiu o cargo de diretor nacional da PSP em fevereiro de 2012, tendo sido o primeiro oficial da escola superior de polícia a chegar ao topo da hierarquia na corporação.
Numa nota, o Ministério da Administração Interna refere indica que o ministro Miguel Macedo vai "iniciar o processo tendo em vista a designação do novo diretor nacional da Polícia de Segurança Pública".
Milhares de profissionaiss de forças e serviços policiais e de segurança - PSP, GNR, SEF, ASAE, polícia marítima, guardas prisionais, polícia municipal e PJ - manifestaram-se na quinta-feira em Lisboa e, depois de derrubarem uma barreira policial, conseguiram chegar à entrada principal da Assembleia da República, onde cantaram o hino nacional, tendo depois desmobilizado voluntariamente.