O alegado terrorista espanhol detido na quarta-feira no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, com passaporte venezuelano falso, foi, esta quinta-feira, condenado a um ano de prisão com pena suspensa por igual período por falsificação de documento.
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Segundo revelou a advogada do arguido, Paula Neves, o arguido, membro da "Resistência Galega", pretendia viajar de Portugal para a Venezuela onde iria pedir asilo político.
Hector José Naya Gil, 33 anos, foi condenado em Espanha a 11 anos de prisão (cinco anos por "participação em organização terrorista" e seis anos por "colocação de artefactos explosivos com fins terroristas"), de acordo com uma sentença da Audiencia Nacional de 5 de dezembro de 2014, a que a agência Lusa teve acesso.
"Neste processo, julgado pelo crime de falsificação de documento, cuja pena pode ser multa ou prisão, o tribunal decidiu aplicar um ano de prisão, e como não está em causa a condenação anterior, entendeu o tribunal suspender a pena de prisão por um ano", explicou o juiz, durante a leitura da decisão judicial, no Tribunal da Maia.
O juiz revelou que o tribunal considerou como "atenuante" a confissão "integral e sem reservas" do arguido quanto aos factos de que vinha acusado.
Já como agravante, o tribunal teve em conta a "intensidade do dolo" e os "antecedentes criminais", nomeadamente a sentença já transitada em julgado em Espanha.
"Agiu de forma livre, deliberada e consciente para sair de Portugal e não cumprir a pena", frisou.
O passaporte era forjado, tinha os números e as datas rasuradas, estava em nome de Idalgo Marques, mas tinha uma foto do arguido, revelou o magistrado.
Na sua posse, Hector Gil tinha os documentos espanhóis, nomeadamente a carta de condução e o documento de identificação.
Hector Gil é solteiro, tem o 12.º ano, já foi técnico de informática e empregado de mesa, mas atualmente estava desempregado.
Em 2014, o arguido foi condenado em Espanha a 11 anos de prisão por detonar duas bombas junto de antenas de radiotelevisão em Monte Sampaio de Vigo (Pontevedra), em agosto de 2012, e colocar outras duas (bombas caseiras com quase 1,5 quilos de pólvora e recipientes de gasolina) que não rebentaram.
A detonação dos dois artefactos apenas causou estragos materiais, mas a Audiencia Nacional considerou, na sentença, que o rebentamento das outras duas teria "ocasionado lesões graves, incluindo a morte, a qualquer pessoa que se encontrasse nas suas imediações".
Pouco depois de ser confirmada a sentença, Hector Gil fugiu às autoridades espanholas e a Audiencia Nacional emitiu uma "ordem de captura", disse à Lusa fonte oficial do tribunal.
Após a leitura da sentença no Tribunal da Maia, Hector Gil aguarda agora a decisão do Tribunal da Relação do Porto, sobre a sua possível extradição, dado que recai sobre ele um Mandado de Detenção Europeu (MDE).