Uma petição contra o desperdício alimentar visa mudar a lei para aproveitar as mais de 20 mil refeições que são deitadas ao lixo diariamente. Porém, talvez nem seja preciso tanto. Desde que transportadas em frio, as refeições não consumidas podem ir para onde fazem falta.<br />
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António Costa Pereira lançou uma petição contra o deperdício alimentar quando as portas políticas não se abriam para expor as suas angústias. Tinha contactado várias empresas de catering e concluiu que, das cerca de 500 mil refeições servidas diariamente em refeitórios, 20 mil - "para não exagerar" - iam parar ao lixo.
Tentou que os excedentes fossem servidos em instituições sociais. Mas, explicaram-lhe que a lei não permitia o transporte.
Tentou alertar os decisores políticos para tal. Primeiro, o presidente; depois, o Governo e, ainda, os partidos. A resposta foi sempre a mesma: o silêncio. Surgiu, então, a ideia da petição.
Ontem, terça-feira, já mais de 15 mil pessoas a tinham assinado. Mas talvez nem seja preciso mudar a lei pois é tudo uma questão de interpretação, esclareceu-lhe a ASAE. De determinada forma e no frio as refeições poderiam ser transportadas e, em poucas horas, servidas onde fazem falta.
Sem o entrave legal, decidiu pôr as mãos à obra. Contactou as forças vivas de Oeiras, onde reside, e actualmente já há um projecto piloto de recolha das refeições excedentes dos almoços nas cantinas de empresas, escolas, universidades e hospitais e a entrega das mesmas nas cantinas sociais.
É um projecto que "tem de ser ágil e local, se for nacional perde-se", explicou Costa Pereira, segunda-feira, na RTP1. Salientou que há vantagens "sociais, económicoas, ambientais e cívicas" nesta inciativa e exortou outras autoridades locais a seguirem-lhe o exemplo.