<p>A cimeira do clima terminou, como se receava, sem qualquer acordo vinculativo. </p>
Corpo do artigo
Durante esta noite, os dirigentes europeus discutiam um "compromisso político", mas a festa acabou sem foto de família.
O que saiu da cimeira, que decorreu na capital dinamarquesa desde o dia 5, foi um "acordo significativo" mas "insuficiente" entre os Estados Unidos da América e a China, a Índia, a África do Sul e o Brasil, obtido numa reunião à margem entre o presidente Barack Obama e os dirigentes daqueles países emergentes.
Um alto funcionário da delegação norte-americana reconheceu que o acordo não chega para combater as ameaças das alterações climáticas, embora fixe os dois graus centígrados como aumento máximo da temperatura global e um mecanismo de verificação dos compromissos de redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) que venham a assumir. Mas ninguém ficou satisfeito.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, um dos mais empenhados na tentativa de acordo e cuja delegação se declarou decepcionada, e o seu homólogo russo, Dmitri Medvedev, deixaram Copenhaga antes de serem anunciados os escassos resultados da conferência na qual se esperava que representantes de 192 países chegassem a acordo sobre novas metas para a redução das emissões de GEE, responsáveis pelo aquecimento global.
Ao contrário do que constava no programa, os 120 chefes de estado presentes não chegaram a juntar-se para posarem para as câmaras.
A impossibilidade de conclusão de um acordo completo, com números e orçamentos e implicando todos os países na luta contra o aquecimento global estava confirmada desde a manhã, após o fracasso de negociações à margem durante a noite.
À tarde, a delegação chinesa considerava que os trabalhos estavam bloqueados, mas o bloco europeu pedia mais esforços e que as sessões pudessem prolongar-se até hoje, a fim de salvar a cimeira. Porém, o porta-voz da conferência das Nações Unidas declarou solenemente que ela findaria à meia noite. Estava deitada por terra a possibilidade de um documento com vinculação jurídica. Os próximos esforços estão marcados para dentro de seis meses, em Bona, na Alemanha, onde decorrerão as negociações preparatórias da próxima cimeira do clima, convocada para daqui a um ano, em 2010, no México, embora se alvitre que nem no próximo ano se chegará a um acordo.
Ainda durante esta noite, os dirigentes países da União Europeia permaneceram reunidos, analisando uma proposta de compromisso político ainda a acordar com os líderes de outros blocos, após as negociações de Obama com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabau.
Não deverá ser feita menção ao objectivo de reduzir as emissões de GEE em 50% até 2050, mas poderá constar um compromisso de financiamento em 30 mil milhões de dólares, nos próximos três anos, para ajuda aos países em desenvolvimento.
* COM AGÊNCIAS