O protesto contra a construção deste aproveitamento hidroeléctrico começou cerca das nove horas da manha deste domingo, deixando máquinas e operários parados. Forma todos identificados pela GNR.
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Vestidos com camisolas azuis onde se podia ler "barragens não" e com bolas negras na mão a imitar as correntes usadas pelos prisioneiros, os activistas cortaram o acesso à obra cerca das 9 horas, impedindo que os trabalhos prosseguissem e deixando máquinas e operários parados.
Colocaram ainda grandes cartazes junto à cerca de arame com as inscrições "barragens afunda património - Douro Vinhateiro em risco" e "barragens afundam biodiversidade".
Mesmo por cima da boca de um dos túneis à central hidroeléctrica "barragens afundam economia - não aceitem mais este buraco".
Os ambientalistas permaneceram acorrentados, sem falar, durante cerca de uma hora e meia. Entretanto, quatro militares da GNR chegaram e identificaram todos os activistas.
João Branco, dirigente da Quercus em Vila Real, assumiu o papel de porta-voz e explicou que a iniciativa foi organizada por um "grupo de cidadãos independentes de todo o país" que decidiram "manifestar a sua indignação pela destruição do Douro Património Mundial".
O ambientalista considera que ainda é tempo de "salvar" este património e deixou um apelo ao ministro da Economia, um "economista de craveira que sabe muito bem que a construção destas barragens são prejudiciais para a economia".
"Espero que ele fique na história como o homem que corrigiu este erro crasso e não como o homem que assobiou para o lado e deixou que este crime contra o património da humanidade e património português se perpetrasse", frisou.
João Branco salientou os impactes negativos provocados pela construção desta barragem que diz estar "contra" o Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro, aprovado em Conselho de Ministros, que vai ainda determinar o fim da Linha do Tua, e que é um atentado contra a biodiversidade "por obrigar ao abate de milhares de árvores protegidas".
O dirigente referiu ainda que esta e outras barragens em construção vão agravar a erosão costeira, obrigando ao investimento de milhares de euros na restauração do areal das praias.
A barragem de Foz Tua faz parte do Plano Nacional de Barragens e está a ser construída a 1 quilómetro da confluência do rio Tua com o rio Douro, entre os concelhos de Carrazeda de Ansiães e Aljó.. Este empreendimento deverá estar concluído em 2015 e representa um investimento de 305 milhões de euros. A EDP estima também que esta obra vá gerar quatro mil postos de trabalho, directos e indirectos.
O projecto prevê ainda a criação de uma solução integrada de transporte, que assegure a mobilidade quotidiana e turística, em alternativa aos 16 quilómetros da linha ferroviária do Tua que vão ficar submersos pela futura albufeira.
Entre as contrapartidas para a região pelos impactos da barragem está também a criação de uma agência de desenvolvimento regional, em parceria com as cinco autarquias da área de influência do empreendimento, nomeadamente Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Mirandela, no distrito de Bragança, e Alijó e Murça, no de Vila Real.
* com Lusa