A Associação de Defesa do Consumidor (DECO) revelou, este sábado, que parte dos resíduos produzidos pelos portugueses ainda não têm o tratamento adequado, acabando no aterro sanitário, solução que deveria ser usada "só em último caso".
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No contexto europeu "produzimos relativamente pouco, mas aquilo que produzimos ainda está longe de ter o tratamento adequado", explicou à agência Sílvia Menezes, da DECO Proteste.
O número de infraestruturas de recolha selectiva e valorização dos materiais pela reciclagem é cada vez maior, mas "ainda há muita quantidade de resíduos que estão a ir para aterro sanitário", acrescentou Sílvia Menezes.
No dia em que arranca a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, a informação divulgada pela DECO refere que, em 2009, produziram-se em Portugal continental cerca de 5,2 milhões de toneladas de resíduos urbanos e, deste total, somente 13% foi alvo de recolha selectiva.
Cada europeu produziu, em média, 520 quilos de resíduos em 2004, mais 13 % do que em 1995, e as previsões apontam para 680 quilos em 2020.
A confirmar-se este valor, o lixo da União Europeia dará para cobrir o Luxemburgo com uma altura de 30 centímetros.
Há uma relação directa entre o desenvolvimento económico de um país e a produção de lixo, ou seja, quanto maior o nível de evolução, mais resíduos de produzem.
Por isso, "Portugal está bem por um lado, não tanto por ter dado grandes passos para reduzir a produção de resíduos, mas fruto da situação económica", como explicou Sílvia Menezes.
Quanto ao tratamento adequado, a reciclagem surge em primeiro lugar, seguida da compostagem (para resíduos orgânicos), incineração com valorização energética e "aterro sanitário só em último caso", especificou a especialista da DECO.
Sílvia Menezes referiu que "ainda não há uma adesão muito significativa das pessoas em termos de separação do lixo doméstico e reciclagem", sobretudo em categorias de resíduos que não as embalagens, como, por exemplo, os restos orgânicos.
São muitos os ecopontos distribuídos pelo país, porém "os resíduos produzidos vão muito além dos resíduos de embalagem" recolhidos naqueles espaços e "as pessoas ainda não se habituaram" a separar e entregar no local certo óleos alimentares, electrodomésticos ou medicamentos fora de uso.
Na semana dedicada à prevenção de resíduos, as Brigadas Carbono, um projecto da DECO, visitam 18 escolas de Norte a Sul com o objectivo de alertar os jovens para a necessidade de adoptarem hábitos mais sustentáveis.