<p>O primeiro-ministro britânico chega hoje, terça-feira, a Copenhaga, numa antecipação de 48 horas face aos 110 chefes de Estado ali esperados. Desatar o nó a que as negociações chegaram é a justificação oficial de Brown.</p>
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Os países africanos suspenderam ontem ,sob protesto, a sua participação no plenário da cimeira do clima. Mas voltaram aos trabalhos, depois de lhes ter sido assegurado que os pressupostos do Protocolo de Quioto, com taxas de redução de CO2 por parte dos países ricos e apoio destes aos pobres, se manteriam no documento cujas linhas venham a ser assinadas na próxima sexta-feira. Mas, nas mesas da cimeira continuam a jogar-se os interesses dos diversos blocos ou de países isolados, uns porque poluem muito, outros porque são vítimas disso e outros ainda porque estão num papel duplo. É o caso da China e dos EUA.
O país de Obama anunciou ontem que contribuiria com 70 a 300 milhões de euros para um fundo multinacional destinado a tecnologias verdes para energia em países pobres. A discrepância dos números indicia que eles dependem de muitas condições. Num momento em que os EUA continuam a ter como base de proposta à cimeira uma redução de apenas 4% de CO2 face a 1990, um senador republicano comentava ontem que "Obama vai a Copenhaga de mãos vazias".
A China clarificou ontem a sua posição, através do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, que afirmou não estar o seu país à espera de verbas de apoio para tornar a sua economia mais verde. Se assume essa reivindicação, ela é feita em nome dos países em desenvolvimento, disse. He Yafei antecipou-se a uma hipótese de falhanço da cimeira, ao indicar que se tal acontecesse seria jogada dos países desenvolvidos. E insiste em que a China não está no mesmo pé dos Estados Unidos e que tem direito a crescer. Esse crescimento, previu já Thomas Friedman, vencedor do prémio Pullitzer, pode ser feito precisamente no sentido de uma liderança mundial das energias limpas, empurrada também pelos graves problemas de saúde pública causados por uma dependência do carvão em 70% das necessidades.
Por todas estas divergências entre dois grandes protagonistas mundiais nas questão climática há quem defenda conversações bilaterais entre a China e os EUA para que os outros 190 países "não fiquem reféns" deles. Gordon Brown já se antecipou e chega hoje a Copenhaga, "para que as negociações não fiquem para o último minuto".