O caso da família Sebastião marcou a actualidade noticiosa do fim-de-ano em Portugal. As 10 pessoas daquela família açoriana são apenas a parte mediática da deportação de portugueses do Canadá para Portugal, que em 2011 foi de 137 pessoas, das quais 81% estavam em situação ilegal no país e 14% cometeram crimes.
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Os dados anuais e da evolução dos últimos cinco anos fornecidos pelo serviço de Estrangeiros e Fronteiras canadiano (CBSA - Canadian Border Services Agency) mostram que a principal razão de repatriamento de portugueses do Canadá reside no facto de terem sido "apanhados" em situação ilegal, ao passo que os excluídos por criminalidade têm menor peso.
Do total de 137 portugueses sujeitos a ordem de partida do Canadá em 2011, 111 pessoas foram detectadas ilegais, 19 cometeram crimes, cinco foram incluídas pela Imigração na categoria "membros de família não admissíveis", havendo ainda um caso por fornecimento de informações falsas e outro de recusa em apresentar forma de sustento financeiro.
Nos últimos cinco anos, as autoridades canadianas repatriaram 762 portugueses, sendo metade sujeita a ordens de deportação (que é a medida de expulsão mais gravosa, por impedir, em definitivo, o regresso ao Canadá, excepto se a pessoa obtiver autorização escrita expressa).
Esme Bailey, porta-voz do CBSA, especificou à Lusa que dos 762 cidadãos portugueses repatriados para Portugal entre 1 de Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro de 2011, "628 partiram por não cumprirem os termos da Lei de Imigração e Protecção aos Refugiados" - o Immigration and Refugee Protection Act (IRPA).
As situações que consubstanciam a violação daquela lei são de pessoas detectadas em situação ilegal no Canadá, por não terem um visto válido que lhes permita entrar ou ficar no país, por permanecerem para além do prazo do visto turístico ou trabalharem no país sem autorização, entre outras situações.
Por sua vez, nos últimos cinco anos o número de portugueses expulsos por actos criminais (de menor e de maior gravidade) atingiu uma centena, ou seja, seis vezes menos que os infractores da lei de imigração, que representam 14 por cento do total.
Neste período, 80 portugueses tiveram ordem de partida por terem cometido crimes graves e os restantes 20 por crimes de menor gravidade.
Ao longo dos últimos cinco anos, a evolução de expulsão dos portugueses evidenciou uma tendência de descida contínua até 2010, voltando a subir ligeiramente em 2011.
O total de portugueses com ordem de saída do Canadá em 2007 foi de 234, conhecendo uma trajectória de descida progressiva até 2010, quando se contabilizaram 112, mas em 2011 registou-se um aumento para 137.