Previstos mais casos de mortalidade por ondas de calor e mais doenças transmissíveis.
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Mais ondas de calor com mais mortos, ar mais poluído e mais doenças cardio-respiratórias, secas prolongadas com malária, dengue, febre da carraça. Os impactos das alterações climáticas na saúde em Portugal assustam.
O que mais preocupa o presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública não é apenas o aumento da temperatura, a maior frequência e a maior magnitude de fenómenos extremos - secas prolongadas e episódios de precipitações - ou a maior frequência de ondas de calor que, em 2020 serão responsáveis por 7% da mortalidade.
Com a desertificação a agravar-se na África subsaariana e o alagamento de zonas baixas e planas, nomeadamente na China, devido à subida do mar, nota Mário Jorge Santos, "haverá grandes mobilizações de populações" para a Europa e também para Portugal, onde as mudanças ambientais levantam problemas de saúde.
Segundo as projecções do SIAM II - Alterações Climáticas em Portugal - Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação (outras informações nesta página), com o aumento da temperatura, aumentarão as populações de vectores e agentes de doenças transmissíveis, como a malária, a febre do Nilo Ocidental, a febre escaro-nodular (febre da carraça). O Instituto de Medicina Tropical já avisou que o mosquito da dengue pode aparecer nestas paragens.
A malária já foi endémica em Portugal, mas os casos actuais são importados por imigrantes ou viajantes. É isso que preocupa na deslocação de populações humanas, embora o mosquito africano possa ser trazido por tempestades e encontrar condições ambientais para desenvolver-se.
Outra doença transmissível preocupante com as alterações climáticas é a febre escaro-nodular, ou febre da carraça. Uma investigação sobre o aumento da mortalidade humana devida à doença, de que Mário Jorge Santos é co-autor, concluiu que os anos em que ela é maior coincidem com anos de invernos mais amenos. Como as ninfas eclodem mais cedo, chegam a quintuplicar as suas posturas de milhares de ovos cada, o que produz um crescimento exponencial das populações de carraças, explica.
