Cerca de duas centenas de alunos da Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, estiveram, esta quinta-feira, "em luta e de luto" pelo início das aulas, em frente ao Ministério da Educação, também na capital.
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Vestidos de preto e gritando palavras de ordem como "Queremos ter aulas" e "A Arroio unida jamais será vencida", os alunos concentraram-se na Avenida 5 de Outubro, em frente ao edifício do ministério, pelas 16.30 horas.
As aulas na Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, ainda não começaram e não há previsão de quando tal poderá acontecer, já estão dependentes da colocação de 53 professores, disse esta semana à Lusa o diretor daquele estabelecimento de ensino.
No mesmo local, decorria um protesto de docentes, promovido pelo Boicote & Cerco - Movimento Nacional de Professores, que juntou algumas dezenas de pessoas, pela "defesa uma lista única nacional, fim da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) e o fim dos subcritérios na colocação de professores".
Os alunos da António Arroio estiveram hoje em frente ao Ministério da Educação "em luta, mas também em luto", disse à Lusa João Varejão, aluno do 11.º ano daquela escola.
Por isso, combinaram irem vestidos de preto e levaram um caixão, onde podia ler-se "aqui jaz a educação", que depositaram à porta do ministério.
Fizeram-no, referiu João Varejão, por sentirem "que a Educação está a morrer". "Especialmente nas escolas artísticas está a ser muito ameaçada", disse.
Além da falta de professores, na António Arroio há outros problemas como a falta de um refeitório.
"Somos obrigados a comer no chão e os micro-ondas que há não chegam para todos usufruírem da hora de almoço", contou o aluno do 11.º ano.
João Varejão recordou que as "obras no refeitório estão paradas há 4 anos".
"Não há financiamento para as escolas, mas ouvimos nos telejornais que há mais financiamento para os bancos e para os privados", lamentou.
Enquanto os alunos da escola António Arroio exigiam aulas, um grupo de professores reclamava emprego.
Na sua maioria "professores em situação de desemprego", concentraram-se em frente ao Ministério da Educação para "protestar e exigir a resolução do problema que levou na semana passada ao pedido de desculpas do ministro".
"O problema continua a não ser resolvido e continua a haver professores desempregados", disse à Lusa Francisco Rodrigues, professor desempregado.
O docente referiu ainda que "continua a haver alunos sem professores que lhes deem aulas", salientando que "ao mesmo tempo e no mesmo espaço há alunos a pedir professores e professores a pedir alunos".
"Estamos aqui também porque há professores que foram retirados das listas de ordenação porque não fizeram a PACC, um processo do início ao fim carregado de ilegalidades e de irregularidades, nomeadamente aquando da realização da dita prova", afirmou.
Hoje, em frente ao Ministério da Educação esteve também a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, "em solidariedade com os protestos".
A deputada recordou que a António Arroio "ainda não abriu porque depende de professores contratados", algo que para Mariana Mortágua "demonstra a precariedade que grassa neste setor escolar em Portugal".
Além disso, a deputada referiu "a incompetência direta do ministro da Educação, que não foi capaz ainda de garantir as condições para que todas as escolas tivessem os professores necessários".