O inspetor-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica garantiu, esta sexta-feira, que aquele organismo mantém "uma vigilância muito apertada" ao setor das carnes e considerou que o estudo da Deco sobre carne picada serve de "alerta".
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A Deco (Associação de Defesa do Consumidor) desaconselhou, esta sexta-feira, o consumo de carne picada vendida a granel, por considerar que esta pode causar problemas de saúde pública, e reivindicou maior fiscalização por parte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e uma nova legislação para os talhos.
"Quer a ASAE, quer as restantes entidades públicas, mantêm uma vigilância muito apertada de mercado sobre esse setor das carnes", afirmou hoje António Nunes, em declarações à agência Lusa, referindo não conhecer ainda o estudo da Deco, que, no entanto considera ter "uma componente técnica muito elevada".
O inspetor-geral da ASAE lembrou que, "para corresponder a exigências comunitárias", a ASAE "faz algumas dezenas de análises por ano a produtos trabalhados da carne, derivados da carne - almôndegas, hambúrgueres, salsichas frescas, entre outros".
"Foi numa destas análises, que fazemos de rotina, que logo que houve os primeiros alertas europeus para a carne de cavalo detetámos carne de cavalo em Portugal e começámos a atuar no mercado", relatou.
A Deco fez o estudo com base em amostras de carne picada vendida a granel em 34 talhos das zonas da Grande Lisboa e do Grande Porto e referiu "resultados alarmantes" na área da saúde pública e da higiene e conservação.
Segundo o responsável pelo estudo, alguns dos produtos analisados estavam "muito contaminados" com microrganismos patogénicos, já que 35% das amostras tinham vestígios de listéria e 25% de salmonelas.
António Nunes considera que este estudo "tem que ser olhado na dimensão que é o estudo".
"Quando falamos em 34 locais e em 20 ou 25% de determinada amostra, estamos a falar em 6, 7, 8 unidades, é muito pouco para generalizarmos para todo um universo", afirmou.
O inspetor-geral da ASAE considerou que este trabalho da Deco "serve como pista, como alerta, mas não como uma conclusão definitiva sobre a matéria".
A Deco defende que seja retomada a prática da década de 1990, altura em que a carne só podia ser picada à vista e a pedido do consumidor.
Esta é postura que António Nunes considera "uma boa prática, melhor do que picar a carne com duas ou três horas de antecedência".
"O ideal é comermos carne fresca, mas também há muita carne que é congelada e mantém as mesmas condições de genuinidade que a carne fresca", sublinhou.